Jogadores marcantes #2: Helder da Silva
Internacional português de BCR com carreira em Espanha
Competições | FPB
14 ABR 2020
Analisamos o percurso de Helder da Silva, capitão do Servigest Burgos, do segundo escalão do basquetebol em cadeira de rodas (BCR) espanhol, cuja passagem, apesar de curta, deixou saudades na Seleção Nacional.
Sobram os dedos de uma mão para contar os casos de iniciação tão tardia, com sucesso ao mais alto nível, sem uma experiência desportiva prévia numa modalidade contígua, nos fundamentos e exigências.
Talvez seja até um palpite otimista. Helder da Silva (2.0) constitui um exemplo raro das premissas acima descritas, pois só em 1998, aos 30 anos, se sentiu tentado a experimentar jogar basquetebol. “A minha paixão vem de passar muito tempo no hospital a conviver com a modalidade, depois de sofrer um acidente de viação que me causou uma lesão medular”, conta o luso-espanhol, nascido em Valpaços.
No regresso a Burgos, a retoma da equipa local serviu de ensejo para consumar a vontade de testar os dotes num desporto profundamente arraigado no panorama paralímpico espanhol. Apenas seis anos antes, os Jogos de Barcelona acolheram uma final lotada, circunstância inaudita, entre Holanda e Estados Unidos.
Na formação de Castela e Leão, onde partilhou o balneário com Márcio Dias (APD Braga, capitão da Seleção Nacional) e Marco Gonçalves (GDD Alcoitão, internacional português), ostenta a marca admirável de 20 épocas ao seu serviço, testemunho invulgar de lealdade, o que não o impediu de “jogar com os melhores jogadores do mundo, fossem companheiros ou adversários”, já que a escalada do Servigest Burgos aconteceu num ápice, desde a 2.ª División, passando pela Primera, à División de Honor.
A também rápida evolução de Helder, consciente sem vaidade das suas virtudes, “boa visão de jogo”, capacidade de “gerir o tempo”, controlo de cadeira acima da média e “bom lançamento de três pontos”, iria conduzi-lo a um feito inesperado. “Uma das grandes alegrias foi ser chamado à Seleção portuguesa em 2010”, narra embevecido por um capítulo que guarda com carinho. “Agradeço muito a todos os jogadores, treinadores e dirigentes por toda a amabilidade”, faz questão de acrescentar.
Aos 52 anos, dono de uma longa bagagem competitiva num dos países que se coloca na vanguarda do BCR, Helder da Silva desafia os limites da longevidade e continua a jogar no Servigest Burgos, por quem se “compromete dentro e fora de campo”, mas expressa o desejo de terminar a carreira em Portugal. Na impossibilidade de o fazer como jogador, equaciona as funções de treinador para “ensinar aos mais jovens tudo o que aprendeu na que apelidam de “melhor liga da Europa”.
Nota: Em anexo podem consultar o palmarés de Helder da Silva e reações dalguns dos seus amigos