Jogadores marcantes de BCR: Hugo Maia

Capitão do GDD Alcoitão e sub-capitão da Seleção Nacional

FPB
4 ABR 2020

Inauguramos o segundo ciclo dedicado aos jogadores marcantes do basquetebol em cadeira de rodas português (BCR) com o perfil de Hugo Maia.

 

Guerreiro, mas conciliador, dentro e fora do campo, o capitão do GDD Alcoitão e sub-capitão da Seleção Nacional construiu uma carreira fértil em triunfos, alcançados, em especial, na sua alma mater, a APD Sintra.

 

Representou Portugal em 7 Campeonatos da Europa, leque onde se contempla a memorável campanha de 2007 que conduziria a Seleção Nacional ao seu único título, na Divisão C, elenco do qual é o único resistente nos atuais quadros. Porque o espírito intrépido não se confina aos contra-ataques sem freio, aos 41 anos, Hugo Maia, mercê da capacidade de entrega incessante e disciplina férrea, permanece no núcleo dos melhores intérpretes no país.

 

Anseia, como poucos, por nova glória paras as cores nacionais, na que poderá ser, em 2021, a sua oitava presença em competições oficiais.

 

A incerteza e a apreensão pontuam quase sempre a iniciação desportiva paralímpica, ou esta não implicasse trazer à superfície do pensamento a constatação de perda da capacidade atlética, que a pessoa com deficiência julga irreparável.

 

Porém, com Hugo Maia não foi assim. Atleta inveterado, praticara “ténis no Boavista FC na infância”, voleibol e natação na adolescência, por isso esta porta nunca se poderia fechar. “Após o acidente, tinha uma vontade imensa de voltar a fazer desporto, até estava inicialmente inclinado para o atletismo, mas felizmente a APD Sintra não tinha cadeira adequada a mim”, um pequeno infortúnio que facilitou a decisão de agarrar a oportunidade no BCR. “Percebi rapidamente que era BCR que queria jogar, depois de me sentar na cadeira e interagir com o pessoal”, narra.

 

A reconstituição deste momento suscita-lhe uma ponte imediata com o nome do obreiro da sua iniciação, Victor Sousa, atleta e dirigente com uma influência inquestionável na APD Sintra e no BCR nacional. “O Victor soube aproveitar a oportunidade e identificar um miúdo de 19 anos, que sempre fez desporto e poderia tornar-se num jogador válido”, recorda o internacional português, cuja dedicação lhe permitiu rapidamente escancarar esse rótulo modesto.

 

A escalada de conquista em conquista que se seguiria, cuja longevidade lhe confere o privilégio de decidir qual será o ponto final, deve-se, afirma, “sem esquecer os colegas de equipa” e os fisioterapeutas João Coelho e Bernardo Pinto, a muitos dos treinadores, a quem presta uma mensagem de agradecimento. “José Maria Cristo, pela visão e oportunidade, Luís Mendes, pela persistência, Inês Lopes e Nils, pela experiência e pela ligação aos atletas, Pedro Costa, pela criatividade e irreverência, Jorge Almeida, pelo vasto conhecimento, Ricardo Vieira e Marco Galego, pela ligação, reconhecimento, valorização, desafio e exigência, e Fernando Lemos, que com 2 anos de experiência de BCR, mas décadas de treinador de basquetebol, consegue reunir a maioria das qualidades dos anteriores, com potencial para se tornar num dos melhores treinadores de BCR português”.

 

A gratidão serve como remate perfeito na história de um atleta que, como se depreende dos testemunhos que seguem em anexo, sem esquecer o palmarés, soube arvorar um trajeto de êxito na virtude de proporcionar a alegria do jogo aos que o rodeavam.

FPB
4 ABR 2020

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