“Man Out” com… Hugo Maia

Regresso da rubrica "Man Out", relativa ao basquetebol em cadeira de rodas, e em que os protagonistas da modalidade respondem a várias questões.

Atletas | Competições
6 NOV 2017

 

Hugo Maia, treinador-jogador do GDD Alcoitão, é o destaque desta edição da rubrica.

Chamam ao BCR a modalidade paralímpica rainha. Se tivesses que convencer alguém a ver ou praticar, como “vendias” o basquetebol em cadeira de rodas?

Um sítio mágico onde podemos construir verdadeiras obras de arte a solo ou em conjunto. Um lugar onde vale mais o sentido de equipa do que qualquer vitória ou derrota. Um mundo onde te sentes mais vivo, mais útil, por vezes capaz de fazer quase tudo com uma cadeira de rodas e uma bola, muitas vezes parte de uma família.

Qual ou quais os jogadores que exercem maior fascínio sobre ti?

Hoje em dia a qualidade de jogadores que temos no BCR é tanta que se torna difícil perceber qual ou quais os jogadores que maior fascínio exercem em mim, mas a nível nacional é impossível não referir o Hugo Lourenço, pilar da nossa seleção tantos anos que iluminou e motivou a evolução de tantos jogadores deste país. Se saltar fronteiras sou obrigado a mencionar nomes como Mustafa Korkmaz, o jogador mais parecido comigo fisicamente e relativamente ao seu papel no jogo, o americano Steve Serio e o inevitável e único Patrick Anderson, que a meu ver é o melhor jogador de sempre.

Ter uma limitação motora, entre outras coisas, produz momentos humorísticos de requinte devido à reação das pessoas menos “familiarizadas” com o tema. Ter uma limitação motora e jogar BCR é uma mistura explosiva? Conta-nos um episódio contigo ou que presenciaste.

Em 20 anos de BCR já tenho é uma coleção deles, e sendo eu dos jogadores que mais cai, mais ainda. Algumas ocorrências de quando ia apanhar a bola em velocidade, a cinta abrir no momento em que vais apanhar a bola e teres que travar com as mãos já meio deitado no assento da cadeira ou a bola prender na proteção frontal e dar um pinote. Mas a do Filipski, jogador polaco no Torneio Internacional do Algarve a imitar um carro de F1 enquanto sprintava ao lado de um adversário e dizendo “Schumacher!” quando o parou ultrapassa a maioria. Acrescento só os playoffs finais magníficos que joguei pela APD-Sintra contra a minha equipa atual, o GDD-Alcoitão, em que os jogadores de Alcoitão decidiram jogar com proteções bocais como jogam os jogadores de NBA atualmente. É hilariante recordar o Vasco ou mesmo o Raul a barafustar com os árbitros com aquilo na boca…

Entre todas as maravilhas passíveis de pôr em prática numa cadeira de basquetebol, qual o teu movimento, gesto ou momento do jogo predileto?

É difícil enumerar um gesto técnico, movimento ou momento de jogo, mas julgo que isso estará relacionado com o quanto eu amo e vibro com esta modalidade. Conseguir converter uma bandeja em velocidade ou um lançamento com um gancho é sempre algo que me dá uma satisfação enorme, assim como erguer-me em duas rodas e abafar ou roubar a bola ao adversário, conseguir furar a defesa a controlar a cadeira só com o corpo e converter debaixo de cesto, um passe longo milimétrico com a conversão do cesto pelo colega, um ataque organizado que acaba com um cesto do teu colega “reco” [com lesão de maior gravidade] e perdia-me aqui a enumerar todas as maravilhas que me dão um gozo tremendo.

Qual o jogador a quem gostavas de fazer “Man Out”? Com sinceridade, vá lá!

Patrick Anderson, Bywater ou Steve Serio, mas infelizmente não consigo ver-me na Seleção Nacional ainda quando Portugal finalmente chegar aos Paralímpicos ou até mesmo na Divisão A, ainda temos alguns anos de luta pela frente. Se fizer uns “Man Out” ao Matthew da Irlanda, no próximo Europeu da divisão C, e à torre checa na próxima divisão B, já me dou por feliz.

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6 NOV 2017

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