“Man Out” com… Luís Domingos

Luís Domingos pratica basquetebol em cadeira de rodas há apenas três anos, mas já merece a confiança do Selecionador Nacional, Marco Galego, ao ponto de figurar nos convocados para o Torneio Internacional de Seleções, agendado para os dias 2 e 3 de junho.

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11 MAI 2018

Frenético na cadeira e possante fisicamente, com uma pontuação de 2,5, só se lhe pode vaticinar um futuro na elite ou não tivesse – além de talento – apenas 19 anos, Luís Domingos é o protagonista da rubrica “Man Out”.

À ascensão vertiginosa não será alheio o facto de atuar no país dono da melhor formação da Europa, a Inglaterra. O extremo português do Leeds Spiders digladia-se semana após semana com nomes do estrelato do BCR como Abdi Jama, Phil Pratt, George Bates, Harry Brown, Gregg Warburton, entre outros.

 

Chamam ao BCR a modalidade paralímpica rainha. Se tivesses que convencer alguém a ver ou praticar, como “vendias” o basquetebol em cadeira de rodas?

A maior parte das pessoas no Reino Unido já conhece o basquetebol em cadeira de rodas, assim como a maior parte das que eu conheço, que fazem perguntas, e que eu convido a experimentar. O basquetebol em cadeira de rodas é uma experiência única que nunca irão esquecer.

Qual ou quais os jogadores que exercem maior fascínio sobre ti?

O jogador que mais admiro é o Gregg Warburton (internacional britânico), dos Oldham Owls. Ele é demasiado bom.

Ter uma limitação motora (deficiente só é quem quer), entre outras coisas, produz momentos humorísticos de requinte devido à reação das pessoas menos “familiarizadas” com o tema. Ter uma limitação motora e jogar BCR é uma mistura explosiva? Conta-nos um episódio contigo ou que presenciaste.

Um episódio engraçado que aconteceu comigo foi no ano passado, quando fui a uma entrevista de emprego e estava extremamente nervoso, porque era a minha primeira vez. O que sucedeu foi que o entrevistador era um fã do Leeds Rhinos, uma equipa de rugby, que também tem uma equipa com variante em cadeira de rodas, onde jogo. Quando me viu, lembrou-se de mim e estivemos a falar durante toda a entrevista sobre as equipas, o quão agressivo era o jogo e como me tinha iniciado na modalidade. Após mais algumas questões, dei-me conta de que a entrevista tinha terminado, com ele a dizer-me que tinha sido um prazer conhecer um jogador de Rugby CR do Leeds Rhinos e que era para voltar noutro dia, de forma a conhecer o staff e o meu local de trabalho. Não me acreditei no que tinha acontecido e como tinha sido contratado. No regresso a casa, ri-me o tempo todo e quando disse aos meus amigos eles riram-se também, porque isto só aconteceu por eu praticar desporto.

Entre todas as maravilhas possíveis de pôr em prática numa cadeira de basquetebol, qual o teu movimento, gesto ou momento do jogo predileto?

Sou conhecido pela minha agilidade com a cadeira, nunca paro e estou constantemente em movimento, mesmo na defesa mexo-me sempre e comunico. Para mim esta é a melhor coisa do jogo, a liberdade de tentar seja o que for para ajudar a minha equipa, sem barreiras… apenas o tempo nos pode parar.

Qual o jogador a quem gostavas de fazer “Man Out”? Com sinceridade, vá lá!

Vou ser completamente sincero, joguei com muitos bons jogadores, mas aquele a quem gostaria de fazer “Man Out” seria o Márcio Dias, também conhecido como “O Mágico”. Escolho-o porque na minha primeira situação de jogo no treino com a seleção, o treinador incumbiu-me de o defender homem a homem e foi muito difícil pará-lo. Não lhe fiz “man out” antes porque estivemos sempre na mesma equipa durante as sessões de treino, portanto prometo tentá-lo na próxima vez.
 

O “Man Out” é essencial no BCR. Na elite – mas não só -, todas as equipas adotam esta estratégia que consiste, após a recuperação da posse de bola, em reter um adversário com um, ou idealmente mais jogadores, no seu reduto ofensivo de forma a atacar em superioridade numérica. O espaço ocupado pelas cadeiras torna uma missão árdua recuperar a posição perdida, de modo que o “Man Out” é uma tónica constante no jogo de BCR, privilegiando-se como alvos, claro, os elementos mais lentos da equipa adversária.

 

 

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11 MAI 2018

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