Mário Saldanha: «Acredito que vamos ao Euro’2011»

O presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol mostra-se optimista e confia na repetição do feito de 2007, quando Portugal conseguiu estar presente na fase final de um Europeu.

Associações
31 DEZ 2009

Nesta entrevista Mário Saldanha aborda ainda outros temas, como os projectos que pretende levar a cabo, caso seja eleito para um novo mandato; os resultados dos centros de treino, que considera serem aquém do esperado; o basquetebol feminino e o fim das jornadas cruzadas entre a Liga e a Proliga. Saiba, também, que Portugal vai organizar um torneio internacional antes do Mundial da Turquia.

Quais os grandes objectivos que traçou para o próximo mandato? Caso seja reeleito irei empenhar-me para que a nova sede seja uma realidade. Vamos organizar a conferência da FIBA em 2011, para além de consolidar alguns projectos, casos das Escolas de Mini-Basket; o projecto Compal Air 3×3; transformar o tempo de jogo em 4 períodos de 12 minutos e, de acordo com as regras da FIBA, recuar a linha dos 3 pontos para os 6.75 metros, bem como transformar as áreas restritivas em rectangulares; repensar os centros nacionais de treinos e levar a efeito uma Supertaça Portugal-Angola para clubes.O que gostaria de já ter realizado que ainda não conseguiu? Gostaria de já poder usufruir de uma nova sede para a FPB, muito prometida mas nunca conseguida. Julgo que com a disponibilidade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o apoio da Secretaria de Estado do Desporto teremos, finalmente, no início de 2011 a sede pronta. Naturalmente que gostaria de ter participado num evento como os Jogos Olímpicos ou um Mundial. Várias equipas e treinadores têm criticado o facto de o seleccionador ser treinador de um clube. Continua convicto de que é uma solução pacífica? Pacífica não sei, só sei que em muitos dos países europeus, e até fora da Europa, é comum um treinador de Selecção ser também de um clube. Até porque a nova calendarização dos Campeonatos Europeus de Selecções estão fixados em datas/períodos que não colidem com os trabalhos dos clubes. Não esquecendo também os benefícios financeiros para as Federações e treinadores.Será em 2010 que a Federação vai voltar a organizar um torneio internacional de nomeada em Portugal, aproveitando, por exemplo, a realização do Mundial na Turquia e o facto de alguns países amigos precisarem de fazer jogos? Queremos organizar antes do Mundial da Turquia um grande torneio internacional que englobe as selecções de Portugal, Angola, Brasil e Jordânia, para o qual já temos a garantia de cobertura por parte da Sport TV. Este torneio servirá também de preparação para a nossa Selecção, tendo em vista a fase de qualificação para o próximo Europeu. O sonho de Portugal avançar para a realização da fase final de um Europeu sénior já morreu? Francamente é um sonho que ainda não morreu. Porém, tenho consciência da grave crise que atravessamos e sem uma aposta que passe pelo interesse do governo e de um grande sponsor, será muito difícil avançarmos para um projecto dessa envergadura. Acredita que Portugal vai conseguir voltar a estar numa fase final de uma grande competição sénior? Além de acreditar, tenho quase a certeza de que iremos estar presentes no próximo Europeu, em 2011. Os Centros de Treinos estão a produzir os resultados esperados? É que os resultados das selecções não têm sido animadores e não se vêem muitos jovens a aparecer a jogar com regularidade nas equipas da Liga… Sinceramente acho que os centros de treino estão muito aquém dos resultados esperados. Os resultados das Selecções jovens, se exceptuarmos os Sub-16 que estiveram no Grupo A, têm sido muito abaixo, face ao investimento que é feito, especialmente em 2009 onde foram catastróficos. Verifica-se também que os jovens atletas não chegam aos clubes da Liga e, se algum os alcança, quase sempre é só para treinar. Aliás, é recorrente ouvirem-se treinadores portugueses a queixarem-se da dificuldade que existe em conseguirem bons jogadores nacionais para os seus planteis, não apostando em jogadores formados nos nossos centros de treino. Como comenta o facto de as equipas portuguesas masculinas ignorarem as participações europeias? Com a queda da Liga Profissional os clubes consciencializaram-se dos gastos elevados e das suas insuficiências financeiras, e de alguma ausência de resultados. Mas diga-se em abono da verdade que a participação em provas europeias promove os clubes, os atletas e o País. Verifica-se que, por falta deste contacto internacional, a Selecção Nacional sai muito prejudicada. O fim das jornadas cruzadas retirou visibilidade aos clubes da Proliga, que agora disputam uma prova sem acompanhamento mediático e sem jogos com as grandes equipas da modalidade. Que modelo para o futuro? Fui o grande impulsionador das jornadas cruzadas e não foi por mim que elas acabaram. O modelo para futuro tem a ver com o crescimento da actual Liga, o que deverá proporcionar um novo modelo de competição, a ser pensado. Rejeita as críticas que por vezes surgem de que a Federação faz pouco pelo sector feminino? Não é justo dizer-se que apoiamos menos o sector feminino. Temos três centros de treinos masculinos e igual número de femininos, tal como sucede na festa do basket juvenil de Portimão, em que participam, igualmente, 50% de equipas femininas. As selecções são apoiadas de igual modo, aproximando-se cada vez mais das condições que são proporcionadas ao masculino. Importantes passos foram dados na preparação deste último Europeu, onde estivemos muito perto de subir de Divisão, objectivo que esperamos que venha a ser alcançado num futuro próximo. Não posso deixar de referenciar o facto de pelo menos três clubes, Olivais de Coimbra, Vagos e CAB Madeira participarem assiduamente nas competições europeias. Reconhecemos o mérito e o válido trabalho que estes clubes têm vindo a desenvolver em prol do basquetebol feminino, beneficiando o trabalho da Selecção Nacional feminina. O número de praticantes tem vindo a diminuir com o aparecimento de inúmeras alternativas para os jovens? Que fazer contra isso? Os dados registados na Federação e no IDP falam por si. O número de atletas tem crescido de ano para ano. O sucesso dos projectos Compal Air 3×3 e de Mini-Basket é indesmentível; o nosso crescimento é real. Só para transmitir um dado poderei dizer que há dez anos tínhamos 16 equipas de Sub-14, 8 no Norte e outras tantas no Sul, a disputar o Campeonato Nacional, hoje esse campeonato é disputado por 60 ou 70 equipas. Veja-se de igual modo a festa do basquetebol juvenil, que se tem vindo a disputar em Portimão, com a participação de 72 selecções jovens regionais, 50% masculino, 50% feminino, para além de duas selecções do desporto escolar. Este evento envolve cerca de 1400 pessoas e no ano passado teve o privilégio de ter vários directos na Sport TV, e a final masculina foi transmitida em directo.

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31 DEZ 2009

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