Melnychuk: “Sei o que é treinar clubes pequenos”
Em ano de estreia do CBP/Sentir Penafiel no campeonato da Proliga, a primeira e mais sonante contratação do clube para a presente temporada foi a do treinador principal – o ex-seleccionador nacional português e ucraniano Valentyn Melnychuk.
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6 OUT 2009
Depois de ter chegado a acordo com a Federação Ucraniana, na pessoa do seu presidente Alexander Vulkov, muito pressionado pelas saudades da família Valentyn aceitou coordenar todo o basquetebol dos penafidelenses. A permanência é o principal objectivo neste ano de estreia, mas o técnico pretende deixar já o seu cunho pessoal na equipa, colocando-a a jogar com tranquilidade. Trabalho é palavra de ordem.
Causou estupefacção e talvez seja caso único um seleccionador abandonar a equipa para abraçar um projecto de um clube de uma divisão secundária. Mas depois de se ouvir o técnico, talvez não seja tanto assim. ”Foram vários factores conjugados que me trouxeram de volta a Portugal. No Verão, durante a fase de qualificação para o Grupo A, tive imensos problemas de saúde (coração e bronquite). A crise que se vivia na Federação ucraniana foi uma situação muito dura para mim e que nada ajudou o meu estado de saúde. No ano anterior já quis abandonar, mas receei que passasse uma imagem de medo, de estar a fugir à responsabilidade da manutenção na Divisão A, por isso decidi manter-me até ao final desse apuramento.” Foi então que surgiu o contacto de Portugal. “Ainda durante a discussão do apuramento, o meu filho telefonou-me a dizer que havia um projecto em Portugal para mim. Mais tarde foi o Belém (Presidente da ABP) a falar comigo e na altura disse que não podia decidir nada antes do dia 20 de Agosto. Na conferência de imprensa após o último jogo da selecção informei que nunca mais iria treinar uma selecção e que pretendia quebrar o acordo de 4 anos que tinha com a Federação da Ucrânia.”A família pesou muito na altura de decidir e a verdade é agora apenas 322 quilómetros separam Melnychuk da mulher e do filho, que estão em Ponte de Sôr. “A minha mulher sofreu muito por ter de deixar a família em Portugal, eles que até já pediram a naturalização.”Assumir a responsabilidade de coordenar um clube com as características do CBP/Sentir Penafiel não é uma situação nova para Valentyn, ele que provavelmente será o treinador mais experiente, com passagens por todos os escalões de formação, a treinar em Portugal. ”Sei bem o que é treinar clubes pequenos em cidades pequenas, em que tudo é novo e complicado. Aceitei o convite até porque já era muito tarde para procurar outro trabalho, mas como queria voltar pela família… Tenho a responsabilidade de coordenar a formação, com o grave problema de encontrar bons treinadores e horários de treinos. Mas sempre com muita vontade de ajudar e de ensinar.“Neste arranque de projecto, apenas foi pedido a Melnychuk a manutenção na Proliga. “Sempre me falaram em apenas manter a equipa na Proliga. O primeiro ano nunca é fácil, mas queria fundamentalmente criar uma equipa que jogue com tranquilidade. Sei que vai ser difícil de conseguir isso, mas é preciso trabalhar muito e fazer perceber aos atletas que nada é oferecido. Temos um grupo bastante coeso – conto que os dois estrangeiros apareçam por estes próximos dias – mas ainda com muitos problemas na organização de jogo.”