GDD Alcoitão, o primeiro campeão nacional de BCR

Temporada 1991-92

FPB
19 ABR 2020

Sob a égide da FPDD – Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência -, o primeiro Campeonato Nacional de BCR ocorreu na época 1991-92. Carlos Oliveira, Fernando Silva e Carlos Arrais militavam nos cascalenses do GDD Alcoitão, um tetracampeão em gestação.

Na atmosfera do pós-25 de abril, a instabilidade política e social gerada obrigou a uma estrita definição de prioridades, lote onde a promoção do desporto adaptado estava longe de encabeçar a lista.
Por esta razão, conforme relatado no momento histórico #1, cessaram as participações internacionais da seleção portuguesa a partir de 1973, num hiato que se prolongaria até 1994. Na competição interna, a toada registada foi a mesma, apesar de esta se ter tornado regular na década de 80. Com a criação da FPDD, em 1988, pressagiou-se a mudança, concretizada na dinamização do primeiro Campeonato Nacional de BCR, na época 1991-92, com a coordenação da vice-presidência da área motora, a cargo de Victor Sousa, “um grande impulsionador do basquetebol em Portugal”, palavras de Fernando Silva.
O GDD Alcoitão, berço do BCR português, demonstrou a sua categoria na edição inaugural, mas não só. Na verdade, a formação cascalense abria um ciclo de quatro títulos nacionais consecutivos, marca que só seria ultrapassada pela rival APD Sintra, na época 2007-08. Na origem do sucesso, Carlos Oliveira, Fernando Silva e Carlos Arrais convergem na importância do líder, o treinador Rui Calrão, futuro selecionador nacional em três Taças Andre Vergauwen e dois Campeonatos da Europa. “O segredo esteve, em primeiro lugar, no extraordinário treinador que tínhamos, o Professor Rui Calrão”, revela Carlos Oliveira, antes de salientar a “coesão e camaradagem entre os atletas”.
O espírito de entreajuda sentido é secundado por Carlos Arrais. “A nossa equipa  era como uma família, muito unidos e com um treinador excecional. A força advinha da boa convivência entre todos os jogadores e equipa técnica”, enfatiza o virtuoso poste.
Com uma bagagem de 25 anos de clube, enquanto jogador, quando convidado a revisitar o tetracampeonato, Carlos Oliveira não se detém numa memória específica e frisa, novamente, a mentalidade do grupo. “A nossa vontade era de sermos sempre a melhor equipa. Cada adversário era um obstáculo a ultrapassar, independentemente do seu valor”. À data, o jogo revestia-se de características peculiares, como a ausência de limite de pontuação, nuance que mudou rapidamente, sem que tal se refletisse na apetência ganhadora do GDD Alcoitão, dada a profundidade do plantel, que aos quatro campeonatos juntou três Taças de Portugal e duas Supertaças.
A evolução de outras equipas, que “começaram a ter mais jogadores e melhores metodologias de treino”, destronou o GDD Alcoitão, ferido também pelo falecimento prematuro do seu treinador. Contudo, o fim da hegemonia cascalense não belisca o orgulho de Carlos Oliveira, que se despede com uma mensagem de desportivismo. “Reinámos e depois fomos depostos por uma nova lufada de ar fresco que as outras equipas tiveram. Os meus parabéns a eles”.
FPB
19 ABR 2020

Mais Notícias