Team Lisboa, o embrião da segunda vida da Seleção Nacional de BCR

Participação na Taça Andre Vergauwen de 1994

Competições | FPB
2 MAI 2020

Aalsmeer, Holanda, é a terceira paragem obrigatória na resenha histórica do basquetebol em cadeira de rodas (BCR) português. 

Em 1994, sob a designação Team Lisboa, Portugal retomava os contactos internacionais, depois de uma interrupção de 21 anos, e participava na Taça Andre Vergauwen, a segunda prova europeia mais importante de clubes. Victor Sousa, dirigente do Sporting CP-APD Sintra, então a cargo da área motora na FPDD (Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência), chefe de missão da delegação lusa, e Jorge Almeida, atual técnico dos sintrenses, um dos jogadores dessa Seleção, relembram o impacto da competição.

A disputa dos Jogos de Stoke Mandeville, em 1973, marcara a derradeira aparição da Seleção portuguesa, antes de um longo interregno, traduzido num fosso galopante face aos restantes países europeus, nomeadamente à vizinha Espanha, que nunca cessou a entrada em certames internacionais desde 1969. Por isso, vislumbrada a oportunidade, Portugal não podia esperar mais. “Iniciados o 1.º Campeonato (1991), a 1.ª Taça e a 1.ª Supertaça, as primeiras ações de formação de árbitros e classificadores, tendo sido realizada anteriormente a primeira ação de formação para treinadores, seria lógico avançar para a constituição de uma Seleção Nacional”, comenta Victor Sousa, impulsionador das ações elencadas, na qualidade de vice-presidente para a área motora da FPDD.
Um hiato tão prolongado não se prestava a qualquer incúria ou excesso em termos organizativos, nem se apresentava como solução lógica a integração imediata em provas de seleções, pelo que, consultada a IWBF Europa, surgiu a sugestão do organismo de jogar uma competição de clubes com o nome “Team Lisboa”. Para Jorge Almeida, um dos atletas selecionados, o traquejo proporcionado trouxe dividendos à modalidade em Portugal. “Foi uma experiência deslumbrante, descobrimos um mundo de BCR  mais evoluído, que nos permitiu aprender imenso”, apesar do agora treinador do Sporting CP-APD Sintra creditar ao 1.º Europeu da Seleção, na Eslovénia, em 1996 – dois anos depois -, um potencial mobilizador mais significativo para a evolução lusa.
Victor Sousa reputa Aalsmeer como “fonte de aprendizagem” de um prisma organizativo, mas releva sobretudo o aprofundamento da  “certeza de que se tornava fundamental realizar ações de formação técnica massiva”, algo que viria a acontecer em 1994 e 1995, numa parceria FPDD/ IWBF-Europa. Outra das determinações que emanaram da estadia na cidade holandesa foi acelerar a redução da pontuação por equipa em campo, que se cifrava nos 18 pontos à escala nacional, quando as leis do jogo ditavam 14,5. “A conjugação dos dois aspetos alterou mentalidades, na medida em que criou oportunidades para os jogadores das classes baixas e passou a ser importante que os praticantes tivessem como objetivo chegar à seleção”, frisa o dirigente e ex-jogador da APD Sintra.
Encabeçava o corpo técnico Rui Calrão, treinador do GDD Alcoitão, “com quem se trabalhou muito bem para a altura”, enaltece Jorge Almeida, que constata um certo grau de ingenuidade das aspirações portuguesas prévias à partida. “Fomos bastante confiantes para a Holanda, desconhecendo o que nos esperava”. Na ótica do atleta, o antigo base da APD Lisboa salienta a familiarização com “novas técnicas e movimento de cadeira”, ganhos no “passe, visao periférica e aperfeiçoamento do lançamento”, mas acima de tudo, a consciência coletiva do jogo. A partir daí, Portugal entraria na dinâmica europeia e acumularia mais duas experiências na Taça Andre Vergauwen, em 1995 e 1996, para se estrear neste último ano, conforme mencionado acima, no Europeu B, em Liubliana, Eslovénia.

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2 MAI 2020

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