“Neemias foi tremendo na G League”
James Ham, jornalista de Sacramento, espera que o internacional português integre a equipa dos Kings na próxima época
Atletas
24 ABR 2023
A acompanhar diariamente os Sacramento Kings nos últimos 13 anos, o jornalista James Ham é uma das pessoas mais avalizadas para dissecar o trabalho da equipa que escolheu o português Neemias Queta no draft de 2021. Como ‘beat reporter’ que viu vários jovens jogadores a passar pela formação de Sacramento, Ham diz que Neemias evoluiu muito nestes dois anos e espera que o internacional luso possa fixar-se na equipa principal dos Kings no futuro.
James Ham faz um balanço muito positivo das últimas duas épocas de Neemias Queta. O jornalista salienta que “Neemy e os Kings trabalharam muito para que ele adicionasse força no ‘core’. Tem altura de NBA, mas é diferente ter corpo de NBA. Encheu o corpo, tem altura e envergadura, e isso foi uma parte fundamental do seu desenvolvimento. Não apenas o lançamento, o passe ou o drible. Para estes jogadores que chegam de universidades mais pequenas, é sobretudo desenvolver o corpo, para garantir que aguentam a dureza de uma temporada com 82 jogos. Têm que ter velocidade, rapidez, deslocamento lateral quando o talento que existe na liga é tão grande”, refere.
Para o ‘beat reporter’ dos Kings, o poste português de 2,13 metros fez aquilo que lhe era pedido e agora está mais preparado para lutar por um lugar na NBA: “O Neemy fez um bom trabalho, cresceu, aprendeu, dá bons bloqueios, melhorou no lançamento de três pontos. Nas oportunidades que teve na NBA, teve algumas dificuldades nos ressaltos, e tem que perceber que para vingar na NBA tem que jogar bem todas as noites, sempre com a mesma intensidade e agressividade. Espero que faça parte do plantel dos Sacramento Kings na próxima época. Vamos ver o que acontece, mas é um jovem que tem sempre um sorriso, está sempre disponível para trabalhar e eu gosto de estar com ele quando ele vem à equipa principal”.
Os Kings têm vários postes com contrato a terminar este verão, incluindo Neemias Queta. E James Ham não antecipa, para já, se o português pode ser o poste suplente do lituano Domantas Sabonis na próxima época. “Vamos ver como se desenvolve no verão. Jogar contra o Sabonis (nos treinos) vai ajudá-lo muito, mas também contra outros postes com outras características. Também é bom para o Neemy defrontar o Chimezie Metu, que pode ir ao perímetro e é preciso persegui-lo. Ou o Richaun Holmes, que não jogou muito esta época, mas é um dos melhores postes a jogar bloqueio direto. Se o Neemy aprender a jogar frente a todos estes estilos e adicionar um pouco de cada um ao seu jogo, isso vai ajudá-lo a longo prazo. Se vai ser o poste suplente, vamos ter que esperar para ver”, afirma.
“O Alex Len, o Chimezie Metu e o Trey Lyles terminam contrato, e os Kings precisam de um poste que desarme lançamentos e saiba passar a bola e dar bloqueios, que é algo que o Neemy sabe fazer. Existe uma possibilidade de ficar aqui, mas tem que trabalhar e conquistar o seu espaço no plantel. Ele termina contrato, mas os Kings têm o direito de garantir a sua continuidade e investiram muito tempo no seu desenvolvimento. Foi tremendo na G League e fica a questão se consegue trazer esse nível para a NBA, mesmo que sejam apenas 12 ou 14 minutos por jogo”, acrescenta James Ham.
O jornalista confirma, ainda, que os adeptos portugueses têm sido muito entusiásticos no apoio a Neemias nas redes sociais. “Adoro abraçar novas culturas e, para um país como Portugal, que nunca teve um jogador na NBA, faz parte ter que explicar parte do processo. A Ticha (Penicheiro) era uma estrela, que acredito que deve ser Hall of Famer. É diferente de um jogador que vem de uma universidade mais pequena, que está a tentar chegar à NBA através da G League. Não é fácil chegar à NBA. Não basta ter altura. Não são só os números na G League que interessam. O papel será sempre diferente. Espero que os portugueses percebam que estamos juntos e que o Neemy é um bom miúdo e queremos o melhor para ele também. Apoiem o vosso jogador, mas não fiquem ofendidos quando os Kings não o chamam à equipa principal. O importante é o desenvolvimento, o crescimento e evoluir todos os dias, que penso que foi o que aconteceu com ele”, diz James Ham.
Foto: Getty Images
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Esta é a primeira de um conjunto de entrevistas que a Federação Portuguesa de Basquetebol fez em Sacramento e que vamos publicar nos próximos dias. Fiquem atentos(as) ao site e às redes sociais da FPB.