O “agente secreto”

Habituou-se a passar despercebido e hoje consegue tirar partido desta situação melhor do que ninguém.

Associações | Atletas
21 ABR 2006

Numa equipa de cadetes do Lusitânia em que os “craques” sempre abundaram, ‘Marroco’ ganhou o seu espaço e provou que tem o brilho das estrelas…

Normalmente não é ele o melhor marcador da equipa… Nem é ele o melhor ressaltador… Também não é o mais alto… E hoje, (já) não é o mais baixo… Num conjunto de Cadetes do Lusitânia onde já passaram grandes jogadores, e que hoje tem elementos como Miguel Freitas ou Luís Silveira, por vezes o mais natural é passar despercebido… E é mais ou menos isso que faz Diogo Câmara, mas sempre com uma eficácia extraordinária, que o faz brilhar na sombra, por vezes bem mais intensamente do que os restantes. Foi isso que aconteceu no Torneio Nacional da Páscoa. O ‘agente secreto’ ainda se aguentou até à final, mas aí deixou caír o disfarce e gritou bem alto que estava ali para vencer o jogo e assumir o protagonismo merecido… Resultado? Ganhou o prémio de MVP da final… “Correume bem. Estava a meter alguns de fora e calhou… Em relação a ser o MVP, acho que havia outros que também podiam ter sido… Calhou-me a mim ser escolhido, porque se calhar correu-me melhor naquele dia, ainda bem”, refere Diogo Câmara, depois dos 24 pontos marcados frente ao Benfica, que garantiram a vitória do Lusitânia no Torneio. Depois de uma primeira fase “fácil”, a equipa mostrou do que é capaz, segundo a nossa figura da semana… “O jogo foi equilibrado, mas acho que podíamos ter ganho com mais à vontade. Ficamos um pouco nervosos e também não temos a mesma bagagem física que eles, já que eles correm todos os dias e devem treinar mais vezes do que nós. Mas acho que um pouco de sorte e as nossas capacidades deram para mostrar que nós também sabemos jogar… Eu achei sempre que tínhamos equipa para o Benfica”. OBJECTIVO: TAÇA NACIONAL Com a ajuda de ‘Marroco’ a equipa do Lusitânia passeou no Campeonato de Ilha de Cadetes, obtendo vitórias fáceis sobre AngraBasket e Vitorinos. Agora, “com o Miguel, com o Paulo, o Matos e o Silveira, que também dá uma boa ajuda”, Diogo prepara-se para vencer também o Regional. “Eu estava à espera de mais equilíbrio. O AngraBasket já sabíamos que ia estar muito dependente do João Pedro, mas estava à espera de bem mais por parte do União Sportiva. Pensava que tinham uma equipa mais forte, por isso acho que vamos ganhar também na segunda fase. Temos todo o favoritismo. Existe sempre o perigo de estarmos confiantes de mais, mas acho que vamos ganhar. Aqui na Terceira também é mais fácil,” refere o atleta do Lusitânia, que mostra ainda confiança ilimitada no grupo verde e branco’: “Eu acho que é uma equipa forte. Temos um bom jogo exterior e um boa contra-ataque… Para os Regionais é muito forte e para os Nacionais também, apesar das equipas de fora terem sempre uma boa bagagem física… Se faltam centímetros debaixo do cesto? Nós estamos bem servidos… O Paulo dá conta do recado”. Por tudo isso o objectivo não podia ser mais claro. Segundo Diogo Câmara, “a Taça Nacional pode ser uma surpresa… Se tudo correr bem, acho que podemos ganhar. Pelo menos é com este espírito ganhador que vamos até lá. O objectivo é ganhar a Taça Nacional”. Uma competição da Federação onde costumam marcar presença as equipas campeãs regionais de Cadetes e Juniores B. Mas porque não seguir o exemplo do escalão de Iniciados e conseguir um lugar no Campeonato Nacional? “Claro que sim”, refere o atleta, “e um exemplo disso é a vitória sobre o Benfica. O Benfica é uma equipa de topo em Lisboa e que muitas vezes é a melhor do seu distrito… Por isso não vejo razões de não poder participar num Campeonato Nacional. Aliás, acho que se nos deixassem participar podíamos evoluir muito mais e acho que já merecíamos estar um pouco mais acima… Cá na ilha, como ganhamos tudo, às vezes dápara relaxar mais um bocado. Se calhar uma equipa como o Benfica não relaxa, porque treina todos os dias e joga todos os fins-de-semana com equipas com o mesmo valor… Se jogassem sempre contra os mesmos, talvez não tivessem ttanta pica’ para ir para o jogo”, termina Diogo Câmara, pondo o ‘dedo na ferida’ dos que acusam os mais jovens de falta de motivação… “Se calhar o que faz isso é não haver tanta competitividade…”.

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21 ABR 2006

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