“O Beira-Mar é uma marca desportiva fortíssima”

Entrevista a Francisco Dias, coordenador do basquetebol do clube aveirense, num sábado muito especial

Atletas
1 JAN 2022

O Sport Clube Beira-Mar completa 100 anos este sábado, na abertura de 2022. Para simbolizar esta data tão especial para o histórico emblema de Aveiro falámos com Francisco Dias, coordenador do basquetebol da entidade.

Francisco Dias traça o atual panorama da modalidade no clube, e há razões para sorrir: “Temos vindo a crescer, época após época. O basquetebol do Beira-Mar hoje é o resultado de um trabalho contínuo que vai para a sua 13.ª época, ainda por cima coincidente com a pior fase da história do clube. Nestes 13 últimos anos perdemos a nossa casa, que tinha um papel vital na nossa identidade eclética, e passámos de um clube que disputava a 1.ª Liga de futebol profissional para um clube que passou a disputar os campeonatos distritais. Esta crise permitiu, no entanto, que o clube se voltasse a focar na sua matriz social, em particular no trabalho de formação que todas as modalidades fazem diariamente e que, no caso do basquetebol, é atualmente a nossa bandeira. O desinvestimento que a modalidade sofreu no seio do clube no final dos anos 90 e início da década de 2000 fez com que o basquetebol praticamente desaparecesse. Conseguimos, a partir do minibasquete, revitalizar a nossa formação, num primeiro momento nos escalões masculinos e, mais recentemente, nos escalões femininos. Conseguimos esta época, pela primeira vez na nossa história, ter todos os escalões de formação masculinos e femininos e vamos, seguramente, bater o nosso record histórico de atletas. O desafio passa por conseguir continuar a crescer sem comprometer a qualidade do trabalho que é feito na nossa formação. Esse é um ponto de honra de que não iremos abdicar”. garante.

O dirigente mostra-se focado no despontar de jovens valores: “Ultrapassámos, este ano, as 170 inscrições e acreditamos que até ao final da época iremos chegar perto dos 190 atletas. Temos todos os escalões federados masculinos e femininos a competir desde o minibasquete, passando por duas equipas seniores masculinas que atualmente disputam os Campeonatos Nacionais da 1.ª e 2.ª Divisões, até à equipa master masculina. A única exceção é a ausência do escalão sénior feminino. A verdade é que, com os espaços de treino que hoje temos disponíveis, dificilmente conseguiremos ir mais além do quadro competitivo que temos hoje. Importa também dizer que, mais do que a quantidade, interessa-nos essencialmente a qualidade do trabalho que fazemos. De nada nos interessa dizermos que temos muitos atletas se depois não conseguimos formar um único atleta que consiga singrar nos melhores campeonatos nacionais. Temos conseguido, nos últimos anos, lançar vários jogadores jovens de qualidade e acreditamos que, em breve, teremos mais jogadores formados no clube a chegar às seleções nacionais”, afirma.

E como tem vivido o basquetebol do Beira-Mar em tempos pandémicos?: “Temos a felicidade de ter um grupo de treinadores e uma coordenação técnica que, desde o primeiro dia, souberam ser suficientemente criativos para nunca deixar de treinar, mesmo quando a maior parte dos atletas se encontrava em confinamento. É um princípio básico que queremos que faça parte da nossa cultura: treinamos sempre, independentemente das condições. Seria muito fácil, para um clube que passou o que o nosso passou na última década, termos desistido. A verdade é que temos conseguido dos melhores resultados na nossa história com as condições mais precárias de sempre no clube e isso diz muito sobe aquilo em que acreditamos: no treino. Nesse aspeto sempre dissemos, meio em tom de brincadeira meio a sério, que éramos o clube melhor preparado para trabalhar em pandemia na medida em que a gestão do imprevisto é algo que faz parte do nosso dia a dia nos últimos 10 anos. Os resultados estão à vista ao conseguimos bater o nosso record de sempre de atletas nesta época mesmo com todas as restrições à atividade que os clubes têm passado”, elogia Francisco Dias.

O coordenador enaltece a história do clube auri-negro e deixa agradecimentos: “Encaro esta tarefa com o orgulho e a responsabilidade de poder contribuir para o meu clube de sempre. Acho que todos sentimos que os nossos clubes são especiais e eu não fujo à exceção, ainda para mais no momento em que o clube cumpre 100 anos de vida. A verdade é que o Beira-Mar é uma marca desportiva fortíssima, fruto das conquistas desportivas ao longo da sua história. Sentimos isso onde quer que vamos. Desempenhar esta função nunca foi uma ambição pessoal, mas senti, a determinada altura, que era uma responsabilidade que tinha que assumir. Enquanto continuar a sentir que sou útil ao clube e que as pessoas que estão comigo continuam motivadas a trabalhar, não as deixarei sozinhas. Preciso, neste aspeto, de fazer três referências que são da mais inteira justiça. A primeira ao Hugo Reis, que foi a pessoa que arrancou com este projeto há 13 anos e que tive o prazer de acompanhar e de dar seguimento. A segunda ao Rui Pedro Nazário, que é o nosso motor e mentor desportivo e que sem ele nada do que fizemos até aqui teria sido possível. A terceira, ao nosso diretor Francisco Matos, que é alguém que pela sua paixão e dedicação ao clube é uma inspiração para mim e para todos os que colaboram com a secção de basquetebol do Beira-Mar”, refere.

Por último, Francisco Dias elenca os principais objetivos para o futuro: “Todos os anos lançamos projetos novos. Uns são bem-sucedidos, outros nem tanto, mas é um ADN que nos é inato. Queremos, em primeiro lugar, continuar a melhorar o nosso projeto desportivo. Acreditamos no nosso conceito de formação 360º, onde intervimos nas diversas áreas de formação de um atleta, desde o treino técnico individual e coletivo, passando pela preparação física, mental ou pelo acompanhamento nutricional dos atletas. Gostaríamos de conseguir fazer mais e só não o fazemos por manifesta incapacidade de recursos humanos e financeiros, mas sinto que todos os anos temos melhorado a nossa oferta formativa aos nossos atletas. Do ponto de vista do nosso quadro competitivo, queremos avançar para a criação de uma equipa sénior feminina no prazo de dois ou três anos. Será uma consequência natural do crescimento dos escalões de formação femininos no clube. Por fim, no que toca à nossa equipa sénior masculina, ambicionamos dentro de pouco tempo em colocar a equipa noutro patamar competitivo. Não tenho dúvidas que se trata apenas de uma questão de tempo para que o Beira-Mar, mais cedo ou mais tarde, volte a disputar os principais campeonatos do basquetebol nacional”, assegura.

 

Nota: Foto retirada do Facebook oficial do Beira-Mar Basquetebol

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1 JAN 2022

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