Sofia da Silva: “Espero e desejo um futuro promissor para o nosso basquetebol”
Capitã da seleção em entrevista
Atletas
6 MAR 2023
Peça-chave da seleção nacional de seniores femininos, Sofia da Silva já conheceu diferentes fases do basquetebol feminino em Portugal. A poste portuguesa, que atualmente atua em Espanha, esteve à conversa com a FPB sobre a situação atual do basquetebol em território luso, neste que é o Mês da Mulher.
“Comecei a jogar basquetebol aos 13 anos na Associação Académica de Coimbra depois de ser vista pelo Sr. Luis Santarino, atual presidente da Associação de Basquetebol de Coimbra, no desporto escolar e de receber o convite” para fazer parte do clube”, recorda a internacional lusa.
Desde o momento em que aceitou o convite e integrou a equipa dos “estudantes”, Sofia da Silva iniciou uma carreira que a viu passar pelos Estados Unidos, Espanha, Turquia e Bélgica. Académica, Olivais, Algés, Cadi La Seu, CD Zamarat, Girona, Galatasaray, Namur-Capitale, Estudiantes e Lugo são alguns dos emblemas já representados pela poste de 32 anos que atualmente defende as cores do Gernika, de Espanha.
Relembrando alguns dos momentos que mais marcaram a sua carreira desportiva, a primeira chamada à seleção sénior te um grande simbolismo. “A melhor memória que tenho até hoje foi a primeira chamada a seleção sénior com 17 anos, na altura com o selecionador, Carlos Portugal, algo que me fez acreditar que um dia podia jogar nas mais altas competições e assim tem sido”, elabora.
“O nosso basquetebol tem vindo a crescer ao longo dos anos, e quando me refiro a crescimento não penso apenas nos resultados, mas sim nas intenções de melhorar e nas condições que são propícias a ser bem-sucedidos”, explica Sofia.
“O importante seria não comparar constantemente com outras ligas, existem um número de fatores que levam a uma falsa perceção da realidade. Na minha ótica, é mais importante entender que as jogadoras nacionais tenham o seu “espaço” e as condições necessárias nos respetivos clubes para crescer, sendo que elas devem tirar o melhor proveito das suas oportunidades, seja em Portugal ou no estrangeiro, para que, quando regressarem, a liga seja bastante mais competitiva”, atenta a capitã da seleção nacional que conta com mais de 50 internacionalizações ao nível sénior.
Quanto ao futuro da modalidade em Portugal, Sofia destaca a “responsabilidade” que existe, mas acredita será “promissor”. “Espero e desejo um futuro promissor. O facto de algumas jogadoras procurarem outras oportunidades longe de casa podem de certa forma, “enfraquecer” a liga a nível de qualidade, mas pode ser uma mais-valia em termos do nível de exigência internacional”, explana.
“O ideal seria que a modalidade em Portugal fosse profissional em vários aspetos (não apenas monetários) para poder prosseguir com essa evolução. Analiso dois eventos que podiam ter sido fundamentais ou pelo menos importantes: a possível classificação da seleção sénior feminina para o EuroBasket 2023, e a campanha do Benfica nas EuroCup. Ainda assim, existem passos a dar para poder estabilizar a modalidade”.
Parte fundamental será o trabalho nos escalões de formação, na captação e desenvolvimentos dos futuros talentos do basquetebol português. Quando questionada sobre que conselhos daria à sua versão mais jovem que começava a dar os primeiros passos na modalidade, Sofia da Silva é simples: “Nunca percas a humildade e vontade de melhorar! Será uma fase bonita mas cheias de altos e baixos, e só que tendo a cabeça bem direcionada poderás ser bem sucedida”.