Treino aberto marca arranque do BCR em Sesimbra
"Vem Rolar Connosco" agendado para esta sexta-feira
Atletas | Competições
10 DEZ 2020
“Vem Rolar Connosco” é o mote do evento de basquetebol em cadeira de rodas (BCR) agendado para esta sexta-feira, dia 11 de dezembro, no Pavilhão Municipal de Sampaio, em Sesimbra. David Lima, mentor do projeto, mostra-se otimista na constituição de uma equipa.
O desejo de revitalizar o BCR na margem sul do Tejo ganhou novo alento. David Lima, de 30 anos, conheceu a modalidade enquanto estudante de Dança e Música, em Berlim, por altura do Mundial de 2018, disputado em Hamburgo, e depressa se converteu à sua linguagem e caráter inclusivo. “Fui à procura, comecei a ver os jogos todos e decidi jogar. O ano passado, era a minha primeira época, mas, por causa da COVID, após três jogos, a liga foi interrompida”, lamenta. O breve trajeto enquanto jogador deu-se na RSC, da última divisão alemã (num total de 5).
Agora, de volta a Portugal, lança-se na árdua tarefa de formar uma equipa, em Sesimbra. “Este ano regressei com a Thirza, a minha companheira. Quando chegámos, comecei à procura e vi que as únicas equipas próximas eram em Lisboa“, uma distância geográfica à primeira vista contornável, mas quase odisseica, sem recurso a transporte próprio. “Tentei perceber como podia ir de transportes públicos. Sairia às 6 horas da tarde e voltava à 1h30 da manhã”, recorda.
Dos obstáculos à prática emergiu a vontade de suprir a falta de oferta no distrito de Setúbal e a associação à UDI, União Desportiva para a Inclusão, que também tentou, sem sucesso, a criação de uma formação de BCR. “Já têm o material, o treinador, estavam a ter dificuldade com o espaço e os jogadores. Conseguimos arranjar espaço no Pavilhão Municipal de Sesimbra, em horário pós-laboral, e estamos a tentar angariar jogadores, ao iniciar o contacto com as associações, com os grupos”, relata David Lima.
À equação de erguer em Sesimbra o 11.º clube de BCR ativo em solo nacional, soma-se a colaboração da Escola Secundária de Sampaio e da Câmara Municipal.
O primeiro passo será cativar potenciais interessados, no evento “Vem Rolar Connosco”, que tomará lugar no Pavilhão Municipal de Sampaio, no dia 11, das 20h30 às 22h30. A adesão já se cifra em 16 praticantes, metade com uma limitação motora e outro tanto sem qualquer comprometimento físico, onde se inclui o próprio David, pois, importa relembrar, na 2ª Divisão nacional, à semelhança do que acontece na Alemanha e noutras paragens, o BCR é aberto a todos. “Estive numa equipa em que era 50/50, em termos de pessoas com e sem deficiência motora. Pensámos em criar a equipa também por esta vivência de família e sociedade muito inclusiva que tivemos em Berlim. Tínhamos um treino, à sexta-feira, com mais de 50 pessoas, entre os 4/5 anos até aos 65, num pavilhão enorme; pessoas que não conseguiam levantar uma bola, a treinar num canto, outros jogavam na 3.ª e 2.ª Divisão, a um alto nível, miúdos a começar, etc.”, narra o impulsionador do BCR em Sesimbra, convicto de que conseguirá reproduzir este “contexto inclusivo”.
A confirmarem-se as previsões, no que concerne ao número de inscritos para o evento de sexta-feira, o cenário posterior mais provável contempla a realização de treinos regulares, “uma a duas vezes por semana”, com o intuito de, na próxima época, Sesimbra ter um representante na 2.ª Divisão Nacional.
Na ótica pessoal, David Lima, impossibilitado à luz dos regulamentos de jogar por um emblema do principal escalão, voltará a centrar-se na sua elegibilidade, graças ao critério de deficiência mínima, processo que interrompeu na Alemanha, uma vez que, no país, ter uma lesão não se perfila como requisito para jogar BCR. “Tenho lesões nos joelhos, porque jogava futsal, e já são muito grandes. Tenho dificuldades a andar e nas articulações. Sinto que não consigo jogar basquetebol a pé, portanto a minha modalidade seria o BCR”, explica, antes de salientar que tal proibição, na sua perspetiva, esbarra na própria natureza da modalidade. “Para mim, o jogo de BCR é, pela forma como foi concebido, muito inclusivo. Com a questão da pontuação, podemos ter pessoas de todos os tipos de habilidades e condições motoras”, finaliza.