Valentyn Melnychuk:“Reina a anarquia”
O presidente da federação ucraniana de basquetebol foi o principal responsável pelo regresso de Valentyn Melnychuk ao país.
Competições
5 NOV 2008
O deputado Alexander Volkov, ex-jogador e grande amigo do treinador, convenceu o então seleccionador de Portugal a assumir o comando técnico da equipa nacional ucraniana e Valentyn acedeu. Mas não fazia ideia dos problemas que aí vinham…
O treinador tinha a missão de apurar a Ucrânia para o Campeonato da Europa de 2009, só que não foi bem sucedido. A federação está com problemas muito graves e Valentyn foi apanhado no meio de um imbróglio, que acabou por afectar de sobremaneira o seu trabalho. Não conseguiu a qualificação da selecção para o Eurobasket’09 e a equipa corre o risco de ser despromovida à Divisão B.No cerne da questão está uma disputa pelo poder. “O dono de uma instituição bancária tentou assumir o controlo da federação ucraniana de futebol, mas como não conseguiu, virou-se para o basquetebol. Sedento de protagonismo, tentou a todo o custo gerir a federação, sem sucesso. Então, como já era dono de 6 equipas, comprou outras 4 formou uma liga independente da federação, chamada Liga Ucraniana e Basquetebol. Neste momento temos dois campeonatos”, conta o treinador.O problema é que os jogadores alinham nessa Liga foram proibidos pelo tal banqueiro de integrar a selecção nacional. Como tal, Melnychuk não pôde contar com a equipa completa nos encontros da fase de apuramento, que tiveram lugar em Setembro. “Proibiu todos os atletas seleccionáveis de participar nos trabalhos da selecção como forma de pressão para atingir os seus objectivos”, lamenta Valentyn. “A anarquia que reina no meu país não me agrada.”Embora tivesse contado com o apoio da imprensa local e com a solidariedade de Volkov, que financiou toda a preparação, Valentyn deparou-se com um cenário algo semelhante ao que encontrou em Portugal. “Os jogadores não têm experiência internacional e ganham muito dinheiro nos seus clubes. Não se trabalha bem na selecção e metade dos seleccionáveis não jogam habitualmente nas suas equipas. O clube campeão, por exemplo, tem 9 atletas estrangeiros no seu plantel”, conta o treinador, prosseguindo: “Tenho graves problemas na posição de base e faltam jogadores que defendam como ‘cães’, que sejam agressivos. Faltam-me jogadores como o Paulo Cunha e o Filipe da Silva…”, salienta, bem-humorado.