“Vou com um bom feeling para Varese”
Pedro Bártolo, internacional porrtuguês de basquetebol em cadeira de rodas (BCR), e que alinha em Espanha, terá uma nova aventura na próxima temporada, ao serviço do HS Varese, clube italiano.
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16 AGO 2017
Estivemos à conversa com este atleta que se vem assumindo, cada vez mais, no contexto da modalidade.
Podemos dizer que com esta chegada ao Varese, cumpriu o grande sonho da sua carreira?
É um objetivo cumprido, mas acima de tudo espero que seja o começo de uma nova etapa na minha carreira, de afirmação plena.
Em que termos é o teu contrato? A nível pessoal, o que esperas desta temporada? Podes falar-nos um pouco sobre o teu novo clube?
Assinei por um ano. Relativamente ao que espero da época, a minha resposta pode soar ambígua, porque estou entusiasmado e ao mesmo tempo com baixa expectativa. Já apanhei muitas desilusões no meu percurso e se houve coisa que aprendi foi a não colocar a fasquia demasiado alta… embora às vezes com recaídas. Trocando por miúdos: ano passado, no CP Mideba, joguei a primeira metade da época praticamente todos os minutos, porque tínhamos um plantel muito escasso. A partir de Janeiro, quando a competição até era mais feroz, dei um salto qualitativo enorme, fui decisivo no jogo que nos permitia fugir aos lugares de despromoção e ao mesmo tempo obter a qualificação para a Copa do Rei. Depois disso, deixei pura e simplesmente de ser opção. Apesar disso, vou com um bom feeling para Varese. Falando do HS Varese, é um clube de meio da tabela da Série A, que pode ambicionar ao top 4. Além disso, joga competições europeias, a Euroliga 2, que é uma fase preliminar onde nos podemos apurar para a Andre Vergauwen (segunda prova europeia mais importante de clubes), a Willi Brinkmann (terceira) ou nenhuma.
Em que aspetos achas que podes acrescentar qualidade ao Varese?
Posso acrescentar velocidade, lançamento exterior, agressividade defensiva e controlo dos ritmos do jogo. Acho que me estou a tornar mais cerebral, apesar de muitas vezes confundirem essa minha característica com falta de intensidade ou dificuldade em assumir. Acredito que a minha personalidade introvertida leve a essa associação errada. Mesmo que sejas rápido, não podes jogar sempre a 1000 e estou a aprender a fazer essa gestão. Há duas pessoas que me deram muito na cabeça nesse sentido: a Inês Lopes, ex-Selecionadora de Portugal e da Suécia, com quem privei pouco e aprendi muito; e o Hugo Lourenço.
Achas que o teu ingresso numa liga poderosa como a italiana poderá servir de maior incentivo aos jovens praticantes de BCR?
Espero que sim. Quando foi a minha vez, saber que jogavam lá fora o Hugo Lourenço, o Pedro Gonçalves ou o Cláudio Batista, ajudou-me a acreditar que era possível dar o salto. Mas atenção: não chegam os 2 míseros treinos por semana das nossas equipas, é preciso muito sacrifício, horas extra e trabalho de ginásio. As equipas também podem ajudar, ao aumentarem a carga de treino semanal. Há vários jogadores jovens com qualidade para ultrapassar a fronteira, como o Zé Miguel, o Ângelo Pereira ou o Marco Gonçalves (que já esteve em Burgos e Mideba). O caso do Ângelo é particularmente evidente, até pela prestação no Europeu. Eu com 18 anos, não fazia um bloqueio e também não era muito fã de passar a bola; ele anda a jogar Europeus. Mas tem que ser esperto, tomar decisões acertadas na carreira e não deixar que o ego estagne a sua evolução. Acho que não vai… é um “puto” ajuizado e positivamente “inconsciente”; tanto lhe faz jogar contra o último classificado do Campeonato Nacional, como um jogo do Campeonato da Europa.