Artigos da Federaçãooo

“Melhora o teu jogo” #3

No “Melhora o teu jogo” #3, prestamos atenção ao fundamento e razão do jogo, o lançamento.  No BCR, esta ação reveste-se de algumas peculiaridades, em particular nas classes baixas e intermédias, forçadas a armar o gesto de um ponto inferior ou a “menosprezarem”, em grau variável, a mão de apoio no follow through para não comprometerem o seu equilíbrio.

Os intérpretes de hoje, considerados os dois melhores jogadores do mundo em atividade, são modelos irrepreensíveis na hora de “disparar”, sem olhar a distância e com recursos ilimitados. Steve Serio (3.5), campeão Paralímpico em 2016 pelos EUA, recupera um acrónimo indispensável para qualquer jogador, B.E.E.F., e Patrick Anderson (4.5), atleta canadiano com estatuto de lenda, já com três medalhas de ouro e uma de prata em Jogos Paralímpicos, sugere duas rotinas de lançamento para o treino individual, uma delas demonstrada na companhia do adversário e amigo norte-americano.

Steve Serio – B.E.E.F.

 Patrick Anderson – exercício de Matteo Feriani

Patrick Anderson e Steve Serio – Drive, Jumper, Floater

 


Grande prestação coletiva vale triunfo ao Servigest Burgos

Na rubrica “Portugueses lá fora”, mantém-se o foco exclusivamente em Luís Domingos (2.5) e Helder da Silva (2.0), ao serviço do Servigest Burgos, na División de Honor, máximo escalão espanhol. Christophe da Silva (1.0), do CAPSAAA Paris, 2.ª divisão francesa, e Yuri Fernandes (2.5), 1.ª divisão francesa, permanecem num impasse, com as competições suspensas por tempo indeterminado. Em Itália, Ismael de Sousa (4.0), do Santa Lucia Basket Roma, tem arranque previsto para março, na Série B.

 

Fundación Vital Zuzenak 50-79 Servigest Burgos

Na viagem ao País Basco, o Servigest Burgos alcançou a segunda vitória mais dilatada da época, fruto de uma excelente prestação coletiva, na semana em que veio a público a cisão com o internacional espanhol Roberto Mena (4.0).

Mesmo sem aquele que fora uma das referências até à data, a formação de Castela e Leão não demorou para lá de um quarto a descolar dos anfitriões, que detêm a marca do número mais elevado de jogadores da cantera. Ruben Viso (4.0) – 16pts, 8ast, 3res – encabeçou a réplica dos da casa, mas os polacos Mateusz Filipski (4.0) – 26pts, 9res, 8ast, 2rb – e Andrzej Macek (1.5) – 18pts, 2ast -, e o internacional britânico Sub22 Lee Fryer (4.0) – 18pts, 10ast, 9res – aplacaram as intenções do conjunto de Vitoria. O internacional A e sub22 Luís Domingos (2.5) amealhou 4 ressaltos e 1 assistência em 34 minutos, de sacrifício notório no trabalho de man-out e bloqueio para as classes altas, enquanto o capitão Helder da Silva (2.0) foi aposta de Rodrigo Escudero por 2 minutos. Segue-se a receção ao campeão espanhol CD Ilunión, no sábado, 20 de fevereiro.

Parciais: 14-18 / 12-21 / 14-25 / 10-15

 

Nota: Foto retirada do Facebook oficial do Servigest Burgos


“A sociedade alemã respeita esta modalidade Paralímpica”

No final de 2011, ano sem provas no basquetebol em cadeira de rodas nacional (BCR), a crise económica levou Paulo Soeiro a fazer as malas para se fixar no Luxemburgo, onde, afirma, era “fácil sentir-se em casa”, dado o extenso contingente de cidadãos lusos. Encantado com as condições encontradas, em particular pela existência e facilidade logística dos apoios para as pessoas com deficiência, desde a cadeira de rodas de rodas quotidiana à adaptação de carro ou da casa, o antigo jogador do GDD Alcoitão não abdicou da possibilidade de continuar a jogar BCR.

Nos Lux Rollers, formação luxemburguesa inserida nas provas alemãs, Paulo Soeiro começou por integrar a equipa B, ensaio coroado com o convite para acumular o cargo de treinador. A rápida evolução e recuperação da forma física motivaram a promoção à equipa principal, ao serviço da qual disputou a Bundesliga 2, segundo escalão germânico – profissional -, desempenho novamente louvado, de tal forma que surgiu a proposta para atuar nos Dolphins Trier, da Bundesliga 1, uma das ligas mais competitivas do mundo.

Parado devido à pandemia, o campeão da Europa da divisão C em 2007, peça importante no “xadrez” do então selecionador Jose Maria Cristo, aborda a carreira de quase duas décadas e afiança a vontade de prosseguir na próxima época. “Preciso disto!”, afirma Soeiro.

Como é que surgiu a tua ligação ao BCR?

Tive o meu acidente em dezembro de 2001 e comecei a jogar na época 2002/03, no GDD Alcoitão. Antes do acidente, sempre fiz parte de equipas de desporto, portanto foi muito fácil procurar alguma coisa que me mantivesse ativo. Na altura em que estive internado, era uma coisa que procurava saber, porque os médicos só me diziam o que eu não podia fazer e eu também queria saber o que podia fazer. Os médicos ficaram um bocado ofendidos, se calhar fui um bocado arrogante, mas já estava cansado de ouvir sempre a mesma lavagem ao cérebro. Nunca me deram resposta. Felizmente, moro muito perto da escola onde eles [GDD Alcoitão] treinavam. Isto é um bicho que facilmente nos vicia. Bastou ver, sentar, jogar um pouco e automaticamente fiquei viciado nisto até hoje.

Que jogos recordas em particular?

Gostava de fazer um parêntesis. Nós não éramos uma equipa de topo, andávamos ali sempre pelos lugares cimeiros, mas não o suficiente para lutar pelo título. De maneira que o nosso grande rival era a APD Lisboa. Lembro-me de dois jogos com eles, em que, no primeiro, praticamente no final, faço uma falta ao Luís Oliveira, ele vai para a linha de lance livre, marca os dois e perdemos por um ponto. Nessa mesma época, no jogo em Lisboa, no último segundo, em contra-ataque, fui eu que marquei e ganhámos por um ponto.

Tiveste um trajeto marcante na Seleção. Quando surgiu a primeira convocatória e que momentos destacas?

Creio que foi em 2005 quando o selecionador nacional, Jose Maria Cristo, foi ver um jogo. Ele tinha uma ideia muito simples, pois, na altura, não tínhamos muitos jogadores de nível europeu. Tínhamos três que marcavam a diferença para todos os outros: o Hugo Lourenço, o Pedro Gonçalves – referências para todos – e, muito jovem, o Cláudio [Batista]. Os três juntos somavam 12 pontos, faltavam 2. A ideia dele era muito simples – “preciso de arranjar vários jogadores de 1.0”. Eu sou 1.0 e muito por isto abriu-se a porta para eu ser chamado tão cedo, após estar a jogar apenas há duas épocas. Além do Europeu C de 2007, que vencemos e nos permitiu subir de divisão, também tenho que fazer referência ao Europeu B de 2008, um nível diferente, mais exigente. Fizemos um Europeu muito bom. Lembro-me do jogo contra a Bélgica, vencedora da prova e promovida à divisão A, em que perdemos por 2 ou 4 pontos. Não houve nenhum jogo em que tivesse ficado presente em campo no qual tenha sentido que a outra equipa era melhor do que nós.

De uma forma inesperada, chegas a um campeonato estrangeiro. Quais as primeiras grandes diferenças que constataste?

Se a [primeira] liga alemã não é a mais forte do mundo, anda lá perto. A quantidade de jogadores, equipas, a maneira como promovem o BCR… é fantástico. Basta ver que nas últimas Champions, as equipas alemãs, se não ganham, chegam sempre à final. Todas as equipas profissionais na Alemanha têm equipas B e C. Apesar de serem equipas B e C, puxam por aqueles miúdos e dão-lhes todas as condições para chegarem à equipa A e serem atletas de elite mundial. Vindo de uma época em que não havia nada, de repente deparei-me com esta realidade; tudo tão bem promovido, organizado, uma coisa incrível. Os alemães são muito humildes e valorizam qualquer trabalho, profissão, respeitam muito o próximo. E em termos de desporto a mesma coisa. A sociedade alemã respeita esta modalidade Paralímpica. Depois, trabalham com espírito de cooperação. Fazem conferências conjuntas, partilham jogadores, ideias. Temos uma equipa muito forte aqui perto do Luxemburgo, os Dolphins Trier, com quem por vezes treinamos e fazemos workshops. Quando querem pôr a rodar jogadores da equipa B, mandam-nos para a nossa equipa. Há esta troca de informação, partilha, que é obviamente uma mais-valia. Procuram não ter excesso em nada. Se houver uma equipa que tem carência de jogadores ou patrocínios, a própria equipa vizinha procura dar apoio nesse sentido.

Quando chegaste ao Luxemburgo, sentiste um impacto na aprendizagem do jogo? A qualidade do treino é superior?

Temos um velho ditado que diz  “quem não sabe, inventa”. O alemão não sabe o que é isso. Estudam, planeiam, trabalham imenso. Têm muita cultura de jogo, um dicionário de jogadas, táticas, movimentos com a cadeira. Para eles tudo tem de ser pensado do início ao fim.

Encaras a possibilidade de vir a ser treinador?

Quando cheguei, havia a barreira linguística. E aprender uma língua como o alemão é difícil. Vinha em baixo de forma, sem competição e puseram-me na equipa B, que jogava na 4.ª divisão da Alemanha (de um total de 7). Correu muito bem, cheguei a ser o melhor marcador de jogadores de um ponto, gostaram muito de mim e convidaram-me a ser treinador-jogador da equipa B durante duas épocas. Gostei muito, porque, apesar de faltar muita coisa na equipa, procurava ter sempre um objetivo. Disse “nós temos de ser os melhores em algo” e conseguimos ser a melhor defesa do campeonato. Passados três anos, fui para a equipa A e, na última época, tive um convite para me juntar aos Dolphins Trier. Acabei por recusar, pois cheguei a uma fase da minha vida em que as prioridades são outras. Quero jogar sim, mas não podia andar naquele ritmo intenso que as equipas profissionais na Alemanha têm.

 


“Na Primeira Pessoa” com Pedro Bártolo

A rubrica “Na Primeira Pessoa” voltou ao norte para revisitar o percurso de Pedro Bártolo, treinador-jogador do BC Gaia e subcapitão da Seleção Nacional de BCR, com uma das carreiras internacionais mais ricas entre os atletas nacionais. O base/extremo de 29 anos é indissociável das duas únicas subidas ao máximo escalão espanhol dos galegos Basketmi Ferrol, representou o Mideba Extremadura e o BSR Valladolid, precisamente na principal liga do país vizinho, e atingiu plena afirmação europeia ao serviço do HS Varese, na Série A italiana. Regressou a Portugal, na presente época, para envergar as cores do Basket Clube de Gaia, equipa que ajudou a erguer em 2016 e se estreia na 1.ª Divisão.

Nota: Fotografia de Ana Morais

 


“Melhora o teu jogo” #2

Esta semana, no “Melhora o teu jogo”, apresentamos três rotinas de drible, com diferentes graus de complexidade, mas facilmente praticáveis em casa (ou pavilhão), dada a natureza específica do fundamento técnico em causa, um dos mais negligenciados na aprendizagem do basquetebol em cadeira de rodas (BCR).

Como “professores”, temos novamente Doug Garner, treinador dos Movin’ Mavs, equipa masculina da UTA – Universidade do Texas em Arlington -, Courtney Ryan (2.0), treinadora da Universidade do Arizona, internacional pelos EUA no Mundial de 2014, e Patrick Anderson (4.5), consensualmente apontado como o melhor jogador de BCR de sempre, vencedor de três medalhas de ouro e uma de prata em Jogos Paralímpicos, que nos oferece a sessão de trabalho mais desafiante.

Courtney Ryan

Doug Garner

Patrick Anderson

 

Nota: Foto de Carlos Lezama / Lima 2019 – Jogos Parapan-Americanos


Portugal e Brasil estudam dinâmicas de colaboração no BCR

Portugal e Brasil encaminham-se a passos largos para um acordo de cooperação técnica. No passado sábado, 6 de fevereiro, o presidente da CBBC – Confederação Brasileira de BCR -, Mário Belo, e o presidente do CNBCR – Comité Nacional de BCR -, Augusto Pinto, conversaram virtualmente, intermediados pelo Prof. Sileno Santos, selecionador nacional brasileiro que tem sido presença assídua em formações online dinamizadas pelo CNBCR.

Do lado brasileiro, enalteceu-se a vasta experiência de técnicos, árbitros e atletas, a consolidação internacional das seleções masculina, feminina e sub23, assim como o legado e importância do Centro de Treino Paralímpico Brasileiro. No caso português, o retorno poderá advir da proximidade geográfica com as potências europeias e mundiais da modalidade, nomeadamente Espanha, do envolvimento na classificação funcional derivado da posição de relevo de Regina Costa, máxima responsável da área à escala mundial na IWBF (Federação Internacional), e do histórico de atletas portugueses em vários campeonatos europeus (Espanha, Itália, França e Alemanha).

Ambas as nações convergiram no diagnóstico de algumas lacunas que se pretendem limar: pouca qualificação da classe dirigente, baixo investimento em marketing e comunicação, e necessidade de massificação da prática do BCR.

No que toca a projetos em comum, Augusto Pinto exortou o seu homólogo brasileiro para que os dois países tomem a dianteira no fomento da evolução do BCR junto da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Ficaram ainda estabelecidas as seguintes metas:

– Desenvolvimento técnico (treinadores, árbitros, classificadores e atletas), através de seminários, workshops, cursos e palestras presenciais (quando for possível) e online;

– Intercâmbio com as seleções (assim que a situação pandémica o permitir), com prioridade para, no Brasil, a seleção sub23 masculina e seleções feminina (sénior e sub25), e as seleções A e sub22/23, em Portugal;

– Desenvolvimento da vertente científica do BCR em cooperação com Universidades dos dois países.

 

Nota: Foto de Federação Catalã de Desporto para Pessoas com Deficiência Motora


Jorge Marqués: “A hospitalidade que tenho de Portugal é maravilhosa”

Em 1990, “enganado” por um amigo e sem qualquer preparação prévia, Jorge González Marqués viu-se a apitar uma Copa Galicia de basquetebol em cadeira de rodas. A dureza do jogo e o tratamento agreste dos atletas, submersos à data num grande amadorismo, não o afugentaram, benevolência prontamente aproveitada pela federação para uma futura contratação “vitalícia”.

Ao longo de 31 anos, o juiz internacional desde 2008, natural de Lima, Perú, soma quase uma dezena de finais da Copa do Rei e División de Honor, escalão cimeiro em Espanha, mas Portugal está igualmente inscrito no seu currículo distinto. Aliás, Jorge foi obreiro de uma façanha difícil de repetir: arbitrou, por duas épocas consecutivas, as finais da Copa do Rei e liga, em Espanha, e do campeonato, Taça, bem como a Supertaça, em Portugal.

Desvendamos o percurso de um nome consensual da arbitragem à escala ibérica, entre atletas, técnicos e colegas, que reserva ainda tempo para se notabilizar na fotografia, de tal modo que desempenhou a função de oficial do Obradoiro CAB, da liga ACB.

 

Qual a primeira ligação ao desporto e à arbitragem (basquetebol convencional e BCR)?

Quando tinha 18 anos, um colega do meu irmão, árbitro de basquetebol, pediu-me boleia. Pensei que era para ir a um hospital em Vigo, mas fomos a um jogo numa escola em frente. Fiquei como oficial de mesa. Gostava muito de basquetebol, da NBA dos anos 80 e da liga espanhola, mas não tinha conhecimento real nenhum. Enquanto árbitro, na minha estreia, mandei calar o treinador de uma das equipas, porque pensei que não sabia as regras. Quando houve um desconto de tempo, um dos árbitros chegou à minha beira, disse-me “Olha, ele é árbitro, professor nesta escola e o responsável da arbitragem escolar em Vigo”. Assim foi o meu primeiro jogo.

Em 1990, jogou-se uma Copa Galicia de BCR, e um colega árbitro ligou-me para que levasse roupa de arbitragem para ajudar como oficial de mesa. Fui, era mentira, queria mesmo que apitasse o jogo. Na época seguinte, nomearam-me para um jogo. A arbitragem era complicada, os jogadores estavam sempre a protestar e ninguém queria apitar. Foi divertido para mim, um espetáculo. Ao chegar à federação, perguntaram-me como correu e eu disse “bem”. Quiseram dar-me logo todos os jogos.

Mais tarde, em 1999, ao assistir a uma Copa do Rei, havia um curso no qual me inscrevi, mas quando cheguei lá, o responsável, Julian Rebollo, pediu-me para apitar, porque andavam a falar muito de mim. Apitei com duas pessoas que não conhecia, Juan Manuel Uruñuela e Clara Baquero [consagrados árbitros espanhóis]. Depois, foi sempre a evoluir. O jogo era espetacular, com uma dinâmica distinta; a evolução do BCR dos anos 90 para agora é incrível, sobretudo pelo avanço das cadeiras. Houve muito mais evolução no BCR do que no basquetebol a pé.

 

Como surgiu a ligação a Portugal?

O ano-chave foi 2012. Aconteceram duas coisas. Tive o meu “Refresher Clinic” [para a renovação da licença internacional] em Sevilha e partilhei quarto com o Gustavo Costa [árbitro português]. Antes, já tinha uma boa relação com o Ricardo Vieira [atual técnico da APD Braga, selecionador nacional sub22, treinador adjunto da seleção A, ex-árbitro internacional], que me contactou uma semana depois disso por causa do I Torneio Ibérico de BCR. Pretendia convidar as equipas de Vigo e Ferrol. Foram minutos para convencer as duas equipas e o Ricardo pediu-me para eu apitar. Gostei muito da receção e do trato de todas as pessoas envolvidas.

Nessa época, a APD Braga ganhou o campeonato pela primeira vez. Continuou a relação com eles, com o José Cardoso, que também era árbitro internacional, e conheci ali o João Correia. Falei muito com ele e conheci o Augusto Pinto [atual presidente do Comité Nacional de BCR], excelente pessoa. Meio a brincar, meio a sério, disse que não tinha problema de vir apitar aqui. Para mim, é uma experiência fantástica, estou muito agradecido pela oportunidade. Sinto que estou a colaborar e a ajudar.

 

O que opinas do nível da arbitragem portuguesa?

Todos os dias falo com o Gustavo. O grupo da arbitragem de BCR de Portugal é ativo como nunca vi na minha vida, nem em Espanha se trabalha tanto. O esforço é incrível, necessário, porque se partiu do zero há duas épocas, quando se fez um Clinic em Aveiro e entraram muitos árbitros, sem experiência. Outros tinham, mas a formação era praticamente inexistente em vários aspetos. Há “ganas”, muito que trabalhar, mas o interesse é espetacular. Daí que o contacto com o Gustavo e o José Cardoso seja contínuo.

 

Quais são os pontos altos na tua carreira?

Com carinho, lembras-te sempre do primeiro jogo de basquetebol, que também apitei “enganado”. De BCR, lembro-me de um jogo espetacular, no qual o Amfiv subiu à máxima categoria, em Vigo, contra o Ademi de Canárias. O pavilhão estava cheio, nunca tive um ambiente de nervosismo assim, porque se jogava a subida. Depois, a primeira Copa do Rei; ou quando me tornei internacional, em Gent, na Bélgica. Havia dois jogadores portugueses a jogar no Silversport Gent, porque um falou em português comigo, disse-me algo mau referente à minha mãe. Não sabia que eu era espanhol.

Em termos de importância, a primeira Copa do Rei, o Europeu Sub22 em Lignano, em 2017. Levo umas 20 ou mais Taças do Rei e Ligas; finais são oito ou nove. Tirando a época passada, interrompida pela pandemia, nas quatro últimas que se jogaram em formato Final Four, fui o único árbitro de Espanha que esteve em todas. Houve ainda duas épocas importantes para mim, por um detalhe que me faz sentir orgulhoso. Por dois anos seguidos, fui o árbitro principal da Final Four e Copa do Rei, em Espanha, e da Liga, Taça e Supertaça de Portugal.

 

Qual o objetivo que persegues na tua carreira?

Já há algum tempo que estou focado em ajudar a formar mais árbitros. Em Espanha, perguntam-me muito se tenho hipótese de ir aos Jogos Paralímpicos ou a algum Mundial. Eu digo que não. Para mim, o melhor árbitro da história, atualmente do mundo, é o Juan Manuel Uruñuela, espanhol. Quando há Jogos ou Mundiais, vai um árbitro, dois no máximo, por país. Nunca seria justo para as equipas que não fosse o melhor possível.

Não preciso de um jogo ou torneio específico. Estou muito satisfeito em conseguir ajudar uma rapariga de Vigo em ser internacional, Patricia. Na época anterior, em Lignano, curiosamente, outra rapariga espanhola, Laura, conseguimos que se tornasse também. Agora, estou focado em tratar de devolver tudo o que recebi, em dar. A hospitalidade que tenho de Portugal é maravilhosa.

 

 


“Melhora o teu jogo”

Inauguramos o espaço “Melhora o teu jogo”, dedicado ao basquetebol em cadeira de rodas (BCR), com o intuito de dar a conhecer propostas e dicas de treino, aplicáveis em casa ou no pavilhão, que ajudem os atletas a subir um patamar.

Esta semana, sob a orientação de Doug Garner, treinador dos Movin’ Mavs, da UTA – Universidade do Texas em Arlington -, equipa vencedora de oito campeonatos universitários da NWBA – National Wheelchair Basketball Association -, o plano incide em três exercícios dedicados ao controlo de cadeira.

No BCR, a exigência física e agilidade associadas à utilização da cadeira de jogo requerem uma atenção particular, razão pela qual todas as sessões devem contemplar o seu treino.

Lane Lines

Gates

U-Turn

Nota: Foto retirada do Facebook oficial dos Movin’ Mavs.


“Na Primeira Pessoa” com Hugo Maia

No segundo episódio da rubrica “Na Primeira Pessoa”, percorremos o trajeto de Hugo Maia, capitão do GDD Alcoitão e subcapitão da Seleção Nacional de BCR, que ostenta um longo palmarés, amealhado ao serviço da APD Sintra. O base/extremo de 42 anos conta ainda com uma passagem fugaz pela APD Lisboa, outro dos emblemas centrais do BCR nacional.

Ao longo dos próximos meses, iremos conhecer vários dos atletas e técnicos que contribuíram inegavelmente não só para o sucesso das suas equipas, como para elevar o estatuto e reconhecimento do BCR. Em foco, estarão igualmente as vicissitudes da prática da modalidade, em particular as dificuldades sentidas na iniciação, lacuna que persiste em todo o panorama Paralímpico.

Nota: Foto de Miguel Fonseca


Man Out a “André Gomes”

Com menos de dois anos de BCR e apenas 18 de idade, André Gomes dá mostras de maturidade de um veterano e já “convenceu” o selecionador nacional, Marco Galego, a integrá-lo num estágio da seleção principal. Cerebral e disciplinado, o jovem poste promete dar novo fôlego ao jogo interior do GDD Alcoitão e espreitar os palcos reservados aos melhores.

 

Data de nascimento:  20/02/2002

Ano de iniciação: 25/05/2019

Posição: Poste

Clube: GDD Alcoitão

Palmarés: Em construção

Jogo da tua vida (e porquê): Foi contra a APD Braga, na Final Four da Taça de Portugal. Por ser um dos meus primeiros jogos e, apesar de só ter alinhado nos últimos 5 minutos, foi a partida que me fez sentir que o BCR era aquilo que eu queria fazer e que era a partir daí que eu tinha de trabalhar para conseguir tornar-me num ótimo jogador.

 

Chamam ao BCR a modalidade paraolímpica rainha. Se tivesses que convencer alguém a ver ou praticar, como o “vendias”?

Simplesmente, diria para experimentarem, pois tenho a certeza de que depois disso a pessoa se iria apaixonar pela modalidade. A paixão pelo BCR é quase inexplicável!

Qual ou quais os jogadores que exercem maior fascínio sobre ti?

Os jogadores que mais me fascinam são quatro: Márcio Dias e Hugo Maia, pelo trabalho, forma de jogar, força e pelo tempo que dedicam ao BCR; e Pedro Bártolo e Marco Gonçalves que, para além do trabalho, têm uma enorme qualidade de jogo.

Recorda-nos um momento caricato que tenhas vivido por jogar BCR.

O momento mais caricato que vivi no BCR foi no primeiro estágio da seleção sub22, quando os capitães me entregaram uma lata de conserva de atum num saco com água (O Rico), e me disseram que tinha de tomar conta dele durante um dia inteiro. No final do dia, tudo tinha um significado, que era o sentido de responsabilidade.

Qual o teu movimento, gesto ou momento do jogo favorito?

O meu momento do jogo favorito é a defesa pois, na minha opinião, é a altura com maior complexidade, pelo que envolve comunicação, técnica de cadeira, experiência, concentração e confiança entre colegas de equipa.

Qual o jogador a quem gostavas de fazer “Man Out”?

Pedro Bártolo.

 

_______________________________________________________________________

O “Man Out” é essencial no BCR. Na elite – mas não só -, todas as equipas adotam esta estratégia que consiste, após a recuperação da posse de bola, em reter um adversário com um, ou idealmente mais jogadores, no seu reduto ofensivo de forma a atacar em superioridade numérica. O espaço ocupado pelas cadeiras torna uma missão árdua recuperar a posição perdida, de modo que o “Man Out” é uma tónica constante no jogo de BCR, privilegiando-se como alvos, claro, os elementos mais lentos da equipa adversária.

 

Nota: Foto de Miguel Fonseca.


Servigest Burgos alcança vitória importante

Luís Domingos (2.5) e Helder da Silva (2.0), do Servigest Burgos, continuam a merecer destaque a solo na rubrica “Portugueses lá fora”. Na 10.º jornada da División de Honor, a formação de Castela e Leão fez valer o fator casa diante do Iberconsa Amfiv, de Vigo, ao impor-se por 71-61. Em Itália, más notícias para Ismael de Sousa (4.0), do Santa Lucia Basket RomaSérie B -, que viu o começo do campeonato adiado para março, depois de inicialmente previsto para 30 de janeiro. Em França, recordamos, Christophe da Silva (1.0), do CAPSAAA ParisNationale B -, e Yuri Fernandes, a atuar pelos Hornets Le CannetNationale A –, arrancam a 13 de fevereiro.

 

Servigest Burgos 71-61 Amfiv

O Servigest Burgos reforçou as suas aspirações de qualificação para a Copa do Rei, que agrega os oito primeiros classificados, ao bater o mais direto perseguidor, Iberconsa Amfiv, no 9.º posto – 71-61. O ascendente pertenceu sempre ao conjunto local, municiado pela melhor versão do polaco Mateusz Filipski (4.0) – 32pts, 5res, 9ast, 1rb -, bem secundado pelo seu compatriota Andrzej Macek (1.5) – 14pts, 4res, 2ast – e pelo internacional espanhol Roberto Mena (4.0) – 16pts, 18res, 8ast, 2rb. Helder da Silva (2.0) não saiu do banco, ao passo que Luís Domingos (2.5), nos escassos 2 minutos em campo, converteu um dos dois lances livres que teve à disposição.

Do lado galego, Agustin Alejos (4.5), símbolo do clube e da seleção espanhola, foi dos mais inconformados, ao registar 17pts, 18res, 8ast, 2rb e 13 faltas sofridas.

 

Parciais: 24-17 / 18-19 / 16-5 / 13-20

 


“Na Primeira Pessoa” com Márcio Dias

Inauguramos o espaço de entrevista “Na Primeira Pessoa” com Márcio Dias, capitão da APD Braga e da Seleção Nacional de basquetebol em cadeira de rodas, cujo percurso, em Portugal e em Espanha, onde se destacou pelo Servigest Burgos, é fértil em êxitos.

Ao longo dos próximos meses, iremos conhecer vários dos atletas e técnicos que contribuíram inegavelmente, não só para o sucesso das suas equipas, como para elevar o estatuto e reconhecimento do BCR. Em foco, estarão igualmente as vicissitudes da prática da modalidade, em particular as dificuldades sentidas na iniciação, lacuna que persiste em todo o panorama Paralímpico.

Nota: Foto de Photo Mumentus – Carlos Viana


Noticias da Federação (Custom)

“Foi um jogo muito competitivo e o benfica levou a melhor”

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam iaculis blandit magna, scelerisque ultricies nisi luctus at. Fusce aliquam laoreet ante, suscipit ullamcorper nisl efficitur id. Quisque id ornare est. Nulla eu arcu neque. Sed ornare ex quis pellentesque tempor. Aenean urna enim, commodo ut nunc sit amet, auctor faucibus enim. Nullam vitae felis ipsum. Etiam molestie non enim quis tincidunt. Pellentesque dictum, nulla id ultricies placerat, neque odio posuere orci, quis vestibulum justo odio ut est. Nullam viverra a magna eu tempor. Nullam sit amet pellentesque magna. Vestibulum vel fermentum turpis, nec rhoncus ipsum. Ut et lobortis felis, sed pellentesque dolor. Nam ut porttitor tellus, ac lobortis est. Fusce vitae nisl vitae ante malesuada venenatis. Sed efficitur, tellus vel semper luctus, augue erat suscipit nunc, id hendrerit orci dui ac justo.

Pellentesque eleifend efficitur orci, et pulvinar dui tempus lobortis. Proin accumsan tempus congue. Cras consectetur purus et lacinia rhoncus. Ut eu libero eget quam semper malesuada. Aliquam viverra vulputate tempor. Sed ac mattis libero, a posuere ligula. Quisque tellus dui, placerat vel ex in, fringilla fringilla tellus. Aliquam erat volutpat. Aenean convallis quis eros vel ornare. Aliquam et lorem vestibulum, posuere quam ac, iaculis arcu. Fusce feugiat blandit mattis.

Legenda

Praesent sed metus euismod, varius velit eu, malesuada nisi. Aliquam aliquet quam tempor orci viverra fermentum. Sed in felis quis tortor accumsan vestibulum. Aliquam erat volutpat. Maecenas pretium sem id enim blandit pulvinar. Pellentesque et velit id arcu feugiat hendrerit ac a odio. Sed eget maximus erat. Phasellus turpis ligula, egestas non odio in, porta tempus urna. Fusce non enim efficitur, vulputate velit in, facilisis metus.

Nulla sagittis risus quis elit porttitor ullamcorper. Ut et dolor erat. Ut at faucibus nibh. Cras nec mauris vitae mauris tincidunt viverra. Donec a pharetra lectus, vitae scelerisque ligula. Integer eu accumsan libero, id sollicitudin lectus. Morbi at sem tincidunt augue ullamcorper tristique. In sed justo purus. Aenean vehicula quam quis pellentesque hendrerit. Fusce mattis mauris lorem, in suscipit diam pretium in. Phasellus eget porttitor mauris. Integer iaculis justo ut commodo eleifend. In quis vehicula nisi, non semper mauris. Vivamus placerat, arcu et maximus vestibulum, urna massa pellentesque lorem, ut pharetra sem mauris id mauris. Vivamus et neque mattis, volutpat tortor id, efficitur elit. In nec vehicula magna.

Miguel Maria

“Donec Aliquam sem eget tempus elementum.”

Morbi in auctor velit. Etiam nisi nunc, eleifend quis lobortis nec, efficitur eget leo. Aliquam erat volutpat. Curabitur vulputate odio lacus, ut suscipit lectus vestibulum ac. Sed purus orci, tempor id bibendum vel, laoreet fringilla eros. In aliquet, diam id lobortis tempus, dolor urna cursus est, in semper velit nibh eu felis. Suspendisse potenti. Pellentesque ipsum magna, rutrum id leo fringilla, maximus consectetur urna. Cras in vehicula tortor. Vivamus varius metus ac nibh semper fermentum. Nam turpis augue, luctus in est vel, lobortis tempor magna.

Ut rutrum faucibus purus ut vehicula. Vestibulum fermentum sapien elit, id bibendum tortor tincidunt non. Nullam id odio diam. Pellentesque vitae tincidunt tortor, a egestas ipsum. Proin congue, mi at ultrices tincidunt, dui felis dictum dui, at mattis velit leo ut lorem. Morbi metus nibh, tincidunt id risus at, dapibus pulvinar tellus. Integer tincidunt sodales congue. Ut sit amet rhoncus sapien, a malesuada arcu. Ut luctus euismod sagittis. Sed diam augue, sollicitudin in dolor sit amet, egestas volutpat ipsum.