Artigos da Federaçãooo

Pedro Bártolo e o CP Mideba alargaram o registo negro para 6 derrotas, enquanto o Briantea 84 Cantù pulverizou a resistência oferecida pelo Santa Lucia Basket, que teve Ismael de Sousa em campo por 3 minutos.

Nota: Valter Mendes na foto

Vitória apoteótica do Lyon Métropole, na recepção ao Luc Handibasket, por 66-44, que lhe permite fechar o ano num destacado 1.º posto, com mais 2 pontos do que o Gennevilliers, o adversário desta jornada. Os lioneses entraram determinados em dar continuidade ao estado de graça, com uma defesa alta, em linha, para evitar as incursões dos postes da equipa visitante. Tal viria a surtir o efeito já que o ataque do conjunto de Lille foi “estancado” nos 10 pontos, enquanto Lyon terminava o 1.º período com 17 marcados. No segundo quarto, mais do mesmo, sem que o Lyon quebrasse a agressividade defensiva ou afrouxasse no ataque devido ao dispêndio de energia para frustrar o ataque da equipa do norte de França. Bem se poderia alcunhar de perfeita a primeira parte do Lyon Métropole, que alcançou um favorável 33-18. A reação na segunda parte não se revelou suficiente e a disciplina do jogo do Lyon dilatou cada vez mais a vantagem até se cifrar nos 22 pontos finais – 66-44. Valter Mendes atuou ao longo de 15 minutos, registando 3 ressaltos, 2 roubos de bola e 3 assistências.

Em Espanha, a “malapata” do CP Mideba teima em não ter fim. Os extremenhos entraram determinados e só pela dificuldade acrescida em contrariar os atiradores letais de Canárias não conseguiu melhor do que o empate no final do 1.º período (14-14). Depois, Canárias descolou no marcador e os “fantasmas” dos jogos anteriores pareciam assolar de novo a equipa de Badajoz, mas no 3.º período, Mideba impôs-se com um parcial de 8-20, à boleia de um jogo mais coletivo e de um inspirado Salvador Sandoval (31 pts), voltando a igualar a contenda. No quarto derradeiro, tudo aconteceu ao conjunto dirigido por Jorge Borba Cintas, desde a interrupção por parte de um jovem adepto local com uma bola de Andebol, numa jogada de contra-ataque então anulada numa altura capital, até à conjuntura insólita de ter que se bater no último minuto com apenas 4 jogadores em campo, devido à exclusão por faltas de Salvador Sandoval e Joackim Lindblom. O BSR Ace Gran Canaria viria a superiorizar-se por 59-53. Pedro Bártolo teve uma exibição discreta do ponto de vista pontual (1 em 5 de lançamentos de 2 pts), contribuindo porém com 6 assistências e 1 ressalto, num dia azarado para o português que, além de procurar debelar uma lesão no ombro direito há 3 semanas, teve uma quebra de tensão na aterragem do avião que transportava a equipa a Gran Canaria escassas horas antes do encontro.

Em Itália, Supertaça sem história. Briantea 84 Cantù “atropelou” Santa Lucia Basket por 38-73. Ismael de Sousa entrou nos últimos 3 minutos. Sublinhe-se que Santa Lucia Basket esteve à beira da extinção por falta de viabilidade financeira, o que ditou a saída em massa dos seus melhores jogadores, incluindo até para o rival desta Supertaça, o Briantea 84 Cantù. 

Foto: Photo mumentus – Carlos Viana

Apesar do favoritismo dos campeões nacionais, não se augurava um desnível tão gritante no duelo entre APD Braga e GDD Alcoitão, menos ainda quando o conjunto de Cascais tinha dificultado, e muito, a tarefa de outro pretendente ao título, a APD Sintra, duas semanas antes. Num começo de jogo atípico, com os postes de ambas as equipas a demonstrarem falta de acerto, foram os jovens extremos, internacionais portugueses, Marco Gonçalves do lado cascaense, e Filipe Carneiro pelos minhotos, a sobressaírem no capítulo concretizador, vindo a terminar o encontro com 11 e 14 pontos, respetivamente. Na segunda parte, que se iniciava com um 31-21 e Alcoitão na discussão do jogo, Márcio Dias e Eduardo Gomes exibiram a eficácia habitual, o que aliado a uma defesa mais recuada para evitar os contra-ataques dos visitantes, produziu o efeito desejado, conseguindo assim a APD Braga, praticamente, garantir o triunfo ainda antes do último período – 45-25. A vantagem dos minhotos viria a acentuar-se para as três dezenas de pontos, fechando o encontro com 61-31. Quarta vitória em outros tantos jogos para os campeões nacionais. Parciais: 17-09; 14-12; 14-04; 16-06. Melhores marcadores: APD Braga – Márcio Dias 18 pts, Eduardo Gomes 17 pts, Filipe Carneiro 14 pts; GDD Alcoitão – Marco Gonçalves 11 pts, Hugo Maia 9 pts, Mário Silva 7 pts.

Outros jogos

APD Leiria vs CD Os Especiais – 80-12

CD Os Especiais vs APD Leiria – 07-72

APD Lisboa vs APD Sintra – 37-55

Nota: Nuno Neves com a bola, na foto

O Lyon Métropole continua implacável na 2.ª divisão francesa e ao cabo de sete encontros soma 13 pontos, partilhando a liderança com o Strasbourg, que tem mais um jogo. Desta feita, a “vítima” foi o Saint-Ouen, atual último classificado, que jamais pôs em causa a supremacia dos lioneses, sucumbindo por claros 72-38. Os locais entraram determinados em marcar diferenças e para isso aplicaram uma defesa homem a todo o campo ao longo da primeira parte. O português Valter Mendes dispôs de 23 minutos e registou 6 pontos, 3 ressaltos, 2 assistências e 1 roubo de bola. Na próxima jornada, o Lyon Métropole visita o 8.º classificado, Guilherand, pelas 18 horas.

Já o Meylan Grenoble, do base/extremo Nuno Neves, ocupa agora o 5.º lugar, também da 2.ª divisão, depois de bater o Centre Federal pela margem mínima, em casa – 40-39. Num jogo atípico, de baixa pontuação e em que ambos os conjuntos optaram por uma defesa de pressão a campo inteiro durante quase 40 minutos, nunca se observou uma distância expressiva no marcador, com o Meylan Grenoble a agarrar os dois pontos mesmo no soar da buzina. Nuno Neves marcou 9 pontos. Parciais: 7-9; 12-8; 9-12; 12-10

Em Itália, o SSD Santa Lucia não resistiu ao poderio do líder da série A, GSD Porto Torres, cujo plantel compõe-se de jogadores como o norte-americano Matt Scott, ouro no Rio de Janeiro, os ingleses George Bates, Simon Munn e Philip Pratt – os dois últimos alcançaram o bronze nos Jogos Paralímpicos – ou o transalpino Fabio Raimondi. Apesar do desaire, os romanos batalharam para conseguir um resultado diferente e entraram no período derradeiro com uma desvantagem de 9 pontos, “apenas”. Ismael de Sousa não disputou qualquer minuto. Em matéria pontual, notabilizaram-se da parte de Santa Lucia: Marco Stupenengo (17 pts), Christian Fares (16 pts) e Matteo Cavagnini (10 pts), enquanto na equipa de Porto Torres os mais certeiros foram: George Bates (25 pts), Matt Scott (16 pts) e Fabio Raimondi (10 pts). Parciais: 10-17; 20-23; 16-15; 10-14

Dono de um trajeto invejável, o poste da APD Sintra/Sporting CP foi precursor no BCR nacional, ao ser o primeiro a abraçar uma experiência no estrangeiro e a profissionalização em 2003 com a transferência da APD Lisboa para o CP Mideba, da 1.ª liga espanhola. Desde então, a história fala por si: mais de uma década na elite do país vizinho, onde se notabilizou pela valia desportiva e humana, conquistando títulos e distinções individuais e convertendo-se em baluarte e ídolo na equipa estremenha. Pela Seleção, contribuiu sobremaneira para os maiores êxitos do país, casos da conquista do Campeonato da Europa C em 2007, a manutenção no escalão B em 2008 e a promoção novamente ao escalão B em 2015.

Títulos: 4x Campeão Nacional; 4x Vencedor Taça Portugal; 3x Vencedor Supertaça; 2x Vice-campeão Liga Espanhola; Vice-Campeão Copa do Rei (Espanha); Vice-campeão Taça Europeia Willi Brinkman; Vencedor Taça Europeia Challenge Cup; Campeão da Europa C por Portugal

Nenhuma palavra pode quantificar com justiça o significado de Hugo Lourenço para o BCR nacional. Inspirou, e continua a inspirar, várias gerações de jogadores, abriu portas para que outros atletas portugueses rumassem à competitiva liga espanhola, lidera pelo exemplo na Seleção e por onde passa. Da sua boca, ouvimos que talvez o distinga “a entrega e o espírito combativo”, que se traduz na sua principal característica enquanto jogador – a defesa. Não só da sua envergadura se valeu para ser vários anos o máximo ressaltador do campeonato espanhol; certamente influíram as outras virtudes que consensualmente lhe reconhecem, como a ocupação do espaço, a visão de jogo sagaz, a agressividade saudável que tinge todo o seu jogo. Diz frequentemente, numa espécie de resignação humorada, que se fosse “um bom lançador, até tinha sido um bom jogador”. Não é exímio na longa distância, mas desengane-se quem julga que se perfila unicamente como um jogador defensivo, bem pelo contrário. A atacar ou a defender, na área pintada reina Hugo Lourenço. Vinca que a maior responsabilidade por ter atingido o patamar da excelência é antes de mais nada sua, e não se esperava outra coisa de quem plasma a sua carreira pela dedicação incansável e a crença no trabalho. Tal não significa que não atribua crédito a quem o orientou nesta longa jornada de sucesso. “Tive naturalmente pessoas fundamentais que fizeram esse percurso comigo e que me ensinaram muito: Jorge Almeida, Luis Blancas, Salvador Zavala e todos os enormes adversários que tive oportunidade de defrontar”, afirma. E o que o fascina no jogo que trata por tu há 18 anos? A forma particular e diversa como cada jogador supera a sua limitação, fator que faz do BCR uma “modalidade única em termos de espetacularidade”. Observador atento, preconiza um Basquetebol eclético, fiel à sua natureza coletiva e quando confrontado com a pergunta de como seria a jogada perfeita, a resposta afigura-se-lhe óbvia: “simples, uma jogada onde a bola passa por todos os jogadores, enquanto se movimentam em cortes e bloqueios sucessivos, terminando num lançamento fácil e em vantagem debaixo do cesto!”.

O que dizem sobre ele

Marco Gonçalves, internacional português, jogador do GDD Alcoitão

“É a referência de todos os jogadores portugueses de BCR, tem uma experiência enorme e é fortíssimo em quase todos os aspetos do jogo, especialmente na defesa, visão de jogo e entreajuda para com os colegas. A nível pessoal, ensinou-me quase tudo o que sei e do pouco que não ensinou, encorajou-me a melhorar. Um mentor, um exemplo e um símbolo vivo e no ativo no qual todos nos devemos inspirar e ter orgulho!”

Hugo Maia, internacional português, treinador-jogador do GDD Alcoitão

“É um adversário e um colega exemplar e podemos sempre esperar o maior empenho seja numa condição ou noutra. Líder nato, motivador nato, atleta exemplar. Consegue motivar os colegas só pela sua atitude em campo. Já senti isso na Seleção Nacional e espero continuar a beneficiar de toda a sua influência positiva por mais alguns anos e ajudá-lo a ele e à nossa Seleção a regressarmos à divisão B”

Jorge Almeida, antigo internacional português, ex-selecionador nacional
“Um jogador muito forte defensivamente (do melhor que há na Europa), com uma excelente leitura de jogo. Dotado de uma mobilidade e poder de finta muito grande, de facto um jogador inspirador e, devido às suas características e curriculum, podemos considerá-lo como o melhor jogador de BCR Português da atualidade”